Mauro Cid circula por Brasília após fechar delação com a PF e diz que "está tudo tranquilo"
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que ficou preso durante quatro meses, deixou a sua residência na tarde desta segunda-feira
O tenente-coronel Mauro Cid foi visto na tarde desta segunda-feira (11) circulando por Brasília pela primeira vez dois dias após fechar uma delação premiada com a Polícia Federal e deixar a prisão, onde ficou durante quatro meses. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na Presidência saiu de sua residência no Setor Militar Urbano por volta de 13h30, acompanhado pela mulher, Gabriela Cid.
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel pode sair de sua residência ao longo do dia, mas está impedido de deixar a sua casa à noite e aos finais de semana. Além disso, está proibido de manter contato com outros investigados — as exceções são a mulher, a filha e o pai, também alvos de inquéritos. O militar deve ainda comparecer à Justiça toda segunda-feira.
Cid visitou, às 13h45, um conhecido em um prédio localizado a oito quilômetros de distância da sua residência. O edifício abriga apartamentos funcionais que servem de moradia para militares. Questionado sobre a rotina após deixar a cadeia e assinar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens foi lacônico.
— Está tudo tranquilo — afirmou ao Globo.
Perguntado sobre o acordo de delação premiada, homologado pela Justiça no sábado passado, Cid disse apenas que não queria falar a respeito das investigações, que estão em andamento.
O ex-ajudante de ordens usava tornozeleira eletrônica, vestia calça jeans e camisa polo azul. Após conversar com o conhecido por cerca de vinte minutos, sob a sombra de uma árvore, Cid retornou para a sua casa.
Cid mora com a família em uma residência bancada pelo Exército e localizada numa região reservada aos militares, com praças, escolas e academias. Em cada quadra há guaritas com vigilância de soldados 24 horas e uma ampla área verde.
Leia também
• Com Mauro Cid e Max Guilherme fora da cadeia, quem é o auxiliar de Bolsonaro que segue na prisão
• Forças Armadas veem oportunidade de fim de clima de suspeita sobre militares em delação de Mauro Cid
• Mesmo afastado do Exército, Cid tem salário de tenente-coronel
Por determinação de Moraes, Cid foi afastado de suas funções no Exército, mas vai manter o salário de cerca de R$ 27 mil. A expectativa dos investigadores é que a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro contribua principalmente em três investigações: sobre o suposto esquema irregular de venda de joias; a inserção de dados falsos em cartões de vacinação; e as tratativas que resultaram inclusive em uma minuta golpista.
Veja as condições estabelecidas por Moraes para a soltura de Cid:
Proibição de deixar Brasília e recolhimento domiciliar no período noturno e nos finais de semana mediante uso de tornozeleira eletrônica
Obrigação de apresentar-se semanalmente, às segundas-feiras,à Justiça
Proibição de deixar o Brasil, entregando os passaportes
Cancelamento dos passaportes
Suspensão do porte de arma e de certificados de CAC
Proibição de usar redes sociais
Proibição de comunicar-se com outros investigados, com exceção da mulher, Gabriela Cid; do pai, Mauro Cesar Lourena Cid; e da filha, Beatriz Cid