Logo Folha de Pernambuco

CPI Covid

Mauro Cid fica em silêncio durante depoimento à PF

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) está preso por suspeita de inserção de dados falsos sobre imunização para Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde

O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid deixa a sede da PF, após ficar em silêncio durante depoimento O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid deixa a sede da PF, após ficar em silêncio durante depoimento  - Foto: Patrik Camporez

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, ficou em silêncio durante o depoimento à Polícia Federal no inquérito sobre a suposta fraude no cartão de vacinação. Ele deixou a sede da corporação pouco depois das 15h.

Na oitiva, Cid seria questionado sobre a inserção de informações fraudadas acerca de sua imunização, de sua mulher Gabriela Santiago Ribeiro Cid, das três filhas do casal, além de Bolsonaro e de sua filha Laura. As investigações apontaram que o oficial teria emitido os respectivos certificados e os utilizado para, por exemplo, embarcar com a família para destinos internacionais, como os Estados Unidos.

De acordo com a PF, a análise das mensagens de WhatsApp, decorrentes da quebra de sigilo telemático, “reforça os indícios de novas inserções de dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde”. As conversas demonstraram que as filhas de Cid realizavam “atividades cotidianas” em Brasília nas datas em que seus cartões vacinação registraram as doses contra a doença em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. 

“Inicialmente causou estranheza o fato de as filhas de MAURO CID, terem sido vacinadas na cidade de Duque de Caxias/RJ, pois MAURO CID e sua família residem desde o ano de 2020 até a presente data na cidade de Brasília/DF. Os dados inseridos nos sistemas do Ministério da Saúde, informam que MAURO CID e suas filhas tomaram três doses de vacina contra a Covid-19, nas datas de 22/06/2021 (terça-feira), 08/09/2021 (quarta-feira) e 19/11/2021 (sexta-feira), no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias/RJ, sendo as duas primeiras doses da fabricante PFIZER e a terceira da fabricante JANSSEN”, informa um relatório.

Cid também seria questionado sobre a inserção de dados falsos nos cartões de vacinação de Bolsonaro e Laura. O inquérito aponta que um perfil associado aos dados do ex-presidente foi conectado ao aplicativo ConecteSUS por pelo menos quatro vezes desde dezembro do ano passado - a última delas às 8h15 de 14 de março. Segundo os investigadores, até 22 daquele mês, a conta era administrada pelo ex-ajudante de ordens.

A partir dessa data, o cadastro da conta de Bolsonaro foi alterado para um e-mail de Marcelo Costa Câmara, então assessor especial e quem o acompanhou em sua estadia na cidade de Orlando, nos Estados Unidos. “A alteração cadastral foi realizada a partir do mesmo endereço de IP utilizado para emitir o certificado de vacinação ideologicamente falso, com registro no Palácio do Planalto”, frisou a PF.

Em depoimento à PF, na última terça-feira, o ex-presidente negou ter conhecimento da inserção de dados falsos de vacinação em seu nome e no de familiares. Ele também afirmou não ter determinado a inclusão das informações nos sistemas de saúde por não ter motivos para isso e disse não acreditar que Cid tenha arquitetado o esquema criminoso.

Os investigadores também deveriam perguntar a Cid sobre os conteúdos extraídos de seu telefone celular que revelam suposto planejamento e tentativa de golpe de estado. Na perícia feita em mensagens contidas no aparelho e também na nuvem, há conversas dele com outros militares sobre o assunto. O ex-ajudante de ordens também seria questionado sobre a origem de U$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie encontrados em sua casa e ainda uma remessa de dinheiro para fora do país.

Veja também

Quem é o padre que participou de plano de golpe com Bolsonaro, segundo a PF?
OPERAÇÃO CONTRAGOLPE

Quem é o padre que participou de plano de golpe com Bolsonaro, segundo a PF?

Inquérito do golpe traz ''fatos graves'', mas democracia ''é maior do que isso tudo'', diz Fachin
OPERAÇÃO CONTRAGOLPE

Inquérito do golpe traz ''fatos graves'', mas democracia ''é maior do que isso tudo'', diz Fachin

Newsletter