Mauro Cid leva anotações para ler a deputados em CPI do DF; veja documento
Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) presta depoimento
O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid levou um documento impresso com anotações feitas à mão para apresentar aos parlamentares, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta quinta-feira (24). Logo no início da sessão, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a ler o texto sobre sua trajetória profissional que está nas quatro páginas.
Logo no início da sessão, o militar suas funções desempenhadas como então ajudante de ordens e afirmou que não iria responder as perguntas dos parlamentares.
Também no início do discurso,ele afirmou ainda que o ex-ajudante de ordens é a "única função de assessoria próxima ao presidente que não é objeto de sua própria escolha, sendo que de responsabilidade das Forças Armadas selecionar e designar os militares que a desempenharão".
Após a leitura do texto pelo oficial, o advogado Cezar Bitencourt pediu a palavra ao presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT). O criminalista questionou a condição de testemunha imposta a convocação de Mauro Cid e afirmou que seu cliente é investigado. Na sequência, o parlamentar respondeu que essa foi uma decisão do próprio Supremo Tribuunal Federal (STF).
Como fez na sessão no Congresso Nacional, o militar foi fardado com uniforme do Exército Brasileiro. Na última segunda-feira, os parlamentares negaram o pedido feito pela defesa do oficial para adiar a oitiva.
— Temos o compromisso do Exército de que todos os militares convocados para a CPI irão comparecer para depor. Então espero realmente que com Mauro Cid não seja diferente. Queremos que ele fale tudo que sabe para esclarecermos toda a tentativa golpista. Ele será questionado sobre a questão da fraude no cartão de vacinação, da revenda da joias, incluindo o Rolex, do disparo de fake news pelo ex-presidente. É uma avalanche de informações que ajudam a remontar essa trama — explicou, na ocasião, Vigilante (PT).
No ofício em que indefere o pedido de adiamento, o parlamentar já havia destacado que o militar será apresentado à CPI na condição de testemunha, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Assim, diz o documento, o ex-ajudante de ordens tem o "dever legal de manifestar-se sobre os fatos e objetos da investigação, estando, entretanto, assegurado ao direito ao silêncio e garantia da não incriminação, se instado a responder perguntas cujas respostas possam resultar em seu prejuízo ou sua incriminação".
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No requerimento, o advogado Cezar Bitencourt, que defende Mauro Cid, argumentou que sua nova defesa foi constituída há uma semana. "Por se tratar de alvo de diversas e longas investigações, não houve, ainda, tempo hábil para plena ciência e conhecimento dos fatos atinentes aos autos", escreveu o criminalista.
O documento aponta ainda que, na convocação recebida, não estava claro em que condição o tenente-coronel será ouvido. "Esta elucidação se faz imprescindível para a sua apresentação, uma vez que as teses defensivas e postura e ser adotada por este são diferentes, devendo ser coerentes com a forma a qual foi convocado a se apresentar", diz o advogado.
Na semana passada, Cezar Bittencourt afirmou ao GLOBO que o Mauro Cid vendeu um Rolex recebido por Jair Bolsonaro em viagem oficial e entregou a ele o valor em espécie. Ele informou ainda que seu cliente pretende prestar um novo depoimento a Polícia Federal assunto o crime.
— Mauro Cid vendeu o relógio a mando do Bolsonaro com certeza e entregou o dinheiro a ele — contou. — Os 35 mil que entraram na conta do pai dele (o general Mauro Cesar Lourena Cid) era parte do pagamento que ele deu ao ex-presidente.