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CPI Covid

Mauro Cid: pedido de liberdade e conclusão da perícia no celular

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) está preso por suspeita de inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde

Mauro Cid foi presença constante ao lado de Bolsonaro durante o governo Mauro Cid foi presença constante ao lado de Bolsonaro durante o governo  - Foto: Alexandre Cassiano

Após a conclusão da perícia no telefone celular do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, a Polícia Federal agora analisa todo o material extraído do aparelho e o compara com os depoimentos prestados no inquérito que tenta esclarecer a inserção de dados falsos sobre a vacinação de Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde.

Na última quinta-feira, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manteve em silêncio quando foi questionado pelos agentes sobre a investigação, que apura ainda os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa e corrupção de menores.

O celular de Mauro Cid foi periciado por cerca de dez dias. Nesse período, os profissionais extraíram dados, como mensagens de texto e áudio enviadas por aplicativos e arquivos de fotos e vídeos que eventualmente tenham sido apagados pelo ex-ajudante de ordens. A recuperação de mensagens revelou um suposto planejamento e tentativa de golpe de estado com outros militares e ainda a preocupação dele com os pagamentos em dinheiro de despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

De acordo com as investigações da PF, as fraudes nos cartões de vacinação teriam ocorrido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. O inquérito apontou que, com isso, Cid, sua mulher Gabriela Santiago Ribeiro Cid, e as filhas do casal, além de Bolsonaro e sua filha Laura emitiram os respectivos certificados fraudados e os utilizaram para, por exemplo, embarcarem para destinos internacionais, como os Estados Unidos. 

Agora, os investigadores buscam entender a dinâmica dos crimes e ainda a participação de cada envolvido no suposto esquema. No último dia 3, além de Mauro Cid, outras cinco pessoas ligadas ao ex-presidente foram presas preventivamente. Já outras 17 foram alvos de mandados de busca e apreensão. Todo o material coletado, como documentos, pendrives e outros celulares, também estão sendo analisados.

A PF também busca esclarecer a origem de U$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie encontrados na casa de Mauro Cid, na Vila Militar, e da remessa de um montante feita por ele para fora do país. Os valores descobertos deram ensejo a instauração de um novo inquérito para investigar o crime de lavagem de dinheiro.

A ideia é confrontar as provas colhidas com os depoimentos prestados e buscar possíveis contradições entre as versões apresentadas. Na última terça-feira, Bolsonaro negou a PF ter conhecimento da suposta fraude em seu nome e no de familiares. Ele também afirmou não ter determinado a inclusão das informações nos sistemas de saúde por não ter motivos para isso e disse não acreditar que Mauro Cid tenha arquitetado o esquema criminoso.

O ex-ajudante de ordens ocupa, há 17 dias, uma cela no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB). Desde então, a defesa do ex-ajudante de ordens tenta a revogação de sua prisão preventiva no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao GLOBO, os advogados informaram que, por respeito a Corte, não iriam se pronunciar sobre o caso.

No cômodo do BPEB, que mede cerca de 20 metros quadrados, o ex-ajudante de ordens aproveita o espaço entre a cama, o armário e a mesa de apoio para praticar exercícios físicos diariamente. Ele também recebe as quatro refeições: café da manhã, almoço, ceia e jantar. O local é vigiado 24 horas por dia por uma equipe da Polícia do Exército, responsável pela sua segurança. 

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