Ex-ajudante de ordens

Mauro Cid presta depoimento à PF nesta sexta-feira (25)

Será a primeira vez que ele falará aos investigadores após a revelação de um suposto esquema de desvio de joias

Tenente-coronel Mauro Cid Tenente-coronel Mauro Cid  - Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, prestará depoimento à Polícia Federal na tarde desta sexta-feira (25). Será a primeira vez que ele falará aos investigadores após a revelação de um suposto esquema de desvio de joias para o patrimônio do ex-chefe do Palácio do Planalto.

Na semana passada, após O Globo mostrar e-mails em que Cid negociou a venda de um Rolex, ele trocou de advogado e contratou o criminalista Cezar Bitencourt. Em entrevistas ao assumir o caso, o advogado indicou uma mudança na estratégia de defesa que indicava a culpabilização de Bolsonaro no caso. Depois, porém, mudou de versão e deu declarações desencontradas.

Nessa quinta-feira, Bitencourt se reuniu com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao Globo, o criminalista contou que o objetivo do encontro era se apresentar e “se colocar à disposição da Corte”.

— Pretendo agendar um encontro com o ministro para me apresentar como novo advogado do tenente-coronel Mauro Cid e demonstrar a boa vontade do meu cliente em relação às investigações da Polícia Federal. Ele terá uma postura colaborativa, mas tome cuidado com essa palavra. Não podemos confundir isso com a intenção de realizar qualquer acordo de delação premiada, porque repito sempre que isso não está nos nossos planos — explicou, no último fim de semana.

Na semana passada, Bitencourt disse ao GLOBO que o militar pretendia prestar um novo depoimento assumindo as negociações para revenda de um relógio Rolex, recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagem oficial. Aos investigadores, o militar irá dizer que seguiu as determinações do então chefe e, inclusive, devolveu a ele em espécie o valor recebido pela joia, segundo o advogado.

— Mauro Cid vendeu o relógio a mando do Bolsonaro com certeza e entregou o dinheiro a ele — afirmou — Os 35 mil que entraram na conta do pai dele (o general Mauro Cesar Lourena Cid) era parte do pagamento que ele deu ao ex-presidente.

No entanto, em entrevista à GloboNews, Bitencourt afirmou que essa suposta “confissão” está restrita ao Rolex e não às demais joias cujo destino é investigado pela PF. Ele também disse que o pagamento pode ter sido entregue por Cid a Bolsonaro ou a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Na semana passada, também em entrevista ao GLOBO, Cesar Bitencourt afirmou que a carreira de Mauro Cid foi marcada pelo respeito à “obediência hierárquica” dentro do Exército. Terceiro criminalista a assumir a defesa do ex-ajudante de ordens, ele disse que o oficial “sempre cumpriu ordens” e isso pode, inclusive, “afastar a culpabilidade dele” em investigações sobre o suposto desvio de joias do acervo presidencial e ainda sobre a suposta fraude em cartões de vacina:

— Então ele assumiu que errou, quer fazer mea-culpa e eu eu prometi que vou proteger ele, vou acompanhar. São coisas muito complicadas, ele precisa se sentir seguro. Ele vai assumir a responsabilidade da parte dele e o resto é consequência. Cada um com seus próprios problemas.

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