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Política

MDB e PSDB começam a discutir federação, mas lideranças veem acerto como difícil

Cúpulas dos partidos teriam que resolver diferenças regionais e afinar quem seria candiato à Presidência em dois meses

Deputado Federal Baleia Rossi (MDB-SP)Deputado Federal Baleia Rossi (MDB-SP) - Foto: Divulgação/Flickr/Baleia Rossi

As direções do PSDB e do MDB deram início nesta quarta-feira às discussões para a formação de uma federação partidária que reúna as duas legendas. A chance de a união vingar, porém, é considerada remota em ambas as siglas por causa das diferenças regionais, que teriam que ser resolvidas em dois meses.

Os dois partidos possuem pré-candidatos à Presidência da República e para a união dar certo um dos dois teria que se retirar da disputa. Os presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e do MDB, Baleia Rossi, confirmaram a abertura das conversas nesta quarta-feira. 
 

Rossi fez questão de frisar que precisará consultar os estados antes de dar prosseguimentos às negociações. "Tive hoje uma conversa inicial sobre formar uma Federação com o PSDB. Preciso ouvir as bancadas e os diretórios estaduais. No MDB, todas as decisões precisam ser tomadas de forma amplamente democrática", postou nas redes sociais o medebista.

 

Dentro do MDB, a possibilidade de o acordo com o PSDB vingar é vista com ceticismo. Historicamente, o partido enfrenta divisões regionais. Os diretórios do Nordeste, por exemplo, são alinhados com o PT. Nesta semana, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (SP) se reuniu com Lula em São Paulo e defendeu que a legenda apoie o petista na eleição deste ano se não tiver um candidato competitivo.
 

Em dezembro, o MDB lançou a pré-candidatura da senadora Simonte Tebet (MS) à Presidência da República. Ela, porém, patina nas pesquisas de intenção de voto. Em São Paulo, o partido faz parte do governo João Doria (PSDB), pré-candidato tucano a presidente.

 

Lideranças tucanas também consideram que os entraves regionais tornam o acordo muito difícil. Dentro do PSDB, a avaliação é que o interesse maior de um eventual acordo é do grupo de Doria, que tenta dar musculatura para a sua candidatura presidencial.

 

Para ter validade, as federações precisam ser viabilizadas até o início de abril, seis meses antes das eleições. Os partidos ainda tentam dilatar o prazo, mas o assunto será julgado pelo Supremo Tribunal Federal. As siglas que formarem a federação terão que atuar juntas por quatro anos e em todas as eleições, inclusive as municipais de 2024. Políticos avaliam que é difícil tratar de alianças com tanta antecedência, o que pode ser um entrave para negociações do tipo.
 

O PSDB aprovou, há duas semanas, negociar uma federação com o Cidadania, que, por sua vez, tem conversas abertas com PSDB, Podemos e PDT. Embora a possibilidade de fechar com os tucanos seja vista como viável na legenda, a direção do Cidadania ainda não aprovou o prosseguimento das conversas.

 

Na esquerda, o PT tenta formar uma federação com PSB, PCdoB e PV. As conversas estão adiantadas, mas dirigentes petistas e socialistas ainda precisam aparar arestas relacionadas aos candidatos a governos em alguns estados, principalmente em São Paulo, onde os dois partidos consideram ter nomes fortes.

 

O PSOL é outro partido que já aprovou discussões sobre formar federações com Rede e PCdoB. Partidos menores veem no instrumento a possibilidade de ter acesso ao fundo partidário. Essas legendas podem ficar sem dinheiro público caso não passem pela cláusula de barreira, instituída em 2018.

 

O PSDB surgiu em 1988 de uma dissidência do PMDB. Lideranças que formariam o PSDB, como Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e Mário Covas, se mostravam incomodadas com o domínio que o então governador de São Paulo, Orestes Quércia, exercia sobre o partido.

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