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Política

MDB e União Brasil avançam em negociação para formação de federação partidária

Acordo poderá resultar em bancada com 115 deputados na Câmara; dirigentes das siglas se reuniram e definiram próximos passos

O presidente do União Brasil, deputado Luciano BivarO presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar - Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

As conversas para a formação de uma federação entre MDB e União Brasil avançaram nos últimos dias. Segundo dirigentes de ambas as siglas, há poucos entraves para que o acordo seja fechado. Hoje, essas siglas contam com 115 deputados federais. Esse número representa mais que o dobro da bancada do PT, a segunda força mais expressiva na Câmara.

Apesar da expectativa pela ampla composição, o União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, se prepara para perder, nas próximas semanas, quadros insatisfeitos com a nova realidade. Além de alguns parlamentares resistentes com novos comandos nos estados, haverá desembarque de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Ao GLOBO, o presidente do União Brasil, Luciano Bivar (PE), disse que as conversas com o MDB podem resultar na maior força de centro do Congresso, com peso ainda maior para reeleger candidatos ao Legislativo.
 

— Avançou (a conversa sobre federação) e tem avançado muito. Estive com o presidente Baleia Rossi ontem (terça-feira). E as duas cúpulas concordaram com a federação. Mas não podemos atropelar nenhum diretório. É preciso conversar. Não sendo possível a federação, caminhamos juntos para o mesmo projeto na eleição. Mas a reunião decisória foi feita. Agora é tratar das conciliações — disse Bivar.

Integrantes do MDB dizem que “a esmagadora maioria” dos caciques são favoráveis à união das duas legendas. Com a federação, o vínculo é obrigatório por pelo menos quatro anos.

— Hoje (terça-feira) nós tivemos uma reunião da Executiva do MDB, e eu fiz um comunicado do início das conversas para que possamos dialogar com bancadas e diretórios. É um movimento muito importante para a política e reforça a importância dos partidos. Mas ainda depende do diálogo — disse o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP).

Nas próximas semanas, o União Brasil deve perder cerca de 15 parlamentares que, hoje, apoiam o presidente Jair Bolsonaro. O primeiro a se desfiliar e ir para o PL foi o deputado Bibo Nunes (PSL- RS) , que formalizou a mudança em encontro com Valdemar Costa Neto.

— O momento é o seguinte: a lei estabelece que, quando houver uma fusão, os deputados têm o pleno direito de sair. É natural (a saída).  Muitos que não comungavam com a nossa fusão vão sair. Mas, quando chegar a janela (partidária, em março), deputados que estão comprometidos conosco também virão. Entre as saídas e entradas, haverá um novo equilíbrio. Acho que o União terá a maior bancada. No momento, só tenho o conhecimento da saída de dois ou três do partido — disse Bivar.

Outros estão insatisfeitos com a nova composição nos estados, como o novo presidente da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcantes (RJ), oriundo do DEM. Ele é adversário de dirigentes do PSL no Rio.

— O presidente ACM Neto conseguiu acabar com o único partido de direita do Brasil — disse Sóstenes.

A ideia de ambas as legendas seria caminhar nestas eleições com a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS), uma postulante ao Palácio do Planalto com índices de rejeição mais baixos que outros concorrentes da terceira via. Se o nome da parlamentar não crescer, ainda há chance de optar pela neutralidade.

Ontem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alargou o prazo para formalização das federações, que poderão ser seladas até maio.

— Houve uma manifestação de vontade. Há vontade de muitos dentro do União Brasil de federar e há vontade dentro do MDB de federar com o União Brasil. Mas é um processo de construção. Como o prazo está definido, temos março, abril e maio para trabalhar  — disse o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM).

Em relação ao receio de haver choque de interesses nos estados, a avaliação de entusiastas da federação é que é possível estabelecer regras nos próximos quatro anos para evitar conflitos sem maiores dificuldades, inclusive para as eleições municipais.

Emedebistas, por exemplo, destacam que o partido é o que possui o maior número de prefeitos no país. Uma das possíveis regras seria que quem está no mandato pode se reeleger com o apoio da outra legenda, e vice-versa.

Ainda será preciso ouvir as bancadas dos partidos para que as discussões possam evoluir.

No PSL, Bivar apresentou a ideia durante reunião com correligionários na terça-feira. De acordo com um participante, não houve manifestações favoráveis na ocasião e muitos ficaram apreensivos.

Na visão de alguns integrantes da sigla, a federação colocaria em dúvidas até mesmo a necessidade de fusão entre DEM e PSL, que poderia ter sido feita da mesma forma.

O deputado Bozzella (PSL-SP) acha legítimo que haja uma discussão entre os partidos em busca de uma possível aliança em torno de um nome da terceira via na eleição presidencial. Mas, ainda assim, considera "complexo" federar dois partidos grandes como União Brasil e MDB.

— Do ponto de vista pragmático é difícil fazer esses arranjos nos estados e vinculando por quatro anos. Estou tentando entender quais são as vantagens e desvantagens. Não faz sentido sacrificar arranjos, porque não deixa de ser sacrifício — disse Bozzella.

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