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Brasil

Medalha de imbrochável e tietagem de bolsonaristas: como foi a passagem de Milei por Santa Catarina

Presidente argentino ficou menos de 24 horas em Balneário Camboriú, em sua primeira visita ao país depois que foi eleito

Javier Milei e Jair BolsonaroJavier Milei e Jair Bolsonaro - Foto: Evaristo Sa/AFP

A primeira visita ao Brasil do presidente da Argentina, Javier Milei, durou menos de 24 horas e foi marcada por encontro com políticos e influenciadores bolsonaristas, além de alguns empresários do Sul.

Quem esperava ver o argentino eleito em novembro de 2023 circular pela cidade, se decepcionou: o chefe de Estado argentino ficou a maior parte do tempo no hotel, no centro de Balneário Camboriú, e de lá só saiu para se apresentar na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) 2024.

Muitas pessoas ficaram horas sob chuva e um frio de 12ºC esperando ver o chefe do Executivo argentino, mas não conseguiram sequer ver o rosto dele chegando e saindo do hotel devido ao forte esquema de segurança montado ao seu redor.

 

Milei chegou ao hotel por volta das 23h30 do sábado, e foi recebido de forma calorosa pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), e por uma comitiva de influenciadores e políticos bolsonaristas que foi Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Ricardo Salles (PL-SP) a Paulo Kogos.

Naquela noite, o grupo assistiu ao jogo do Brasil contra o Uruguai — no qual a seleção brasileira perdeu nos pênaltis. No domingo, Milei participou de uma sequência de reuniões e café da manhã com empresários e mais políticos bolsonaristas. Foi amplamente tietado por parlamentares estaduais e federais, que aproveitaram para movimentar suas redes exaltando o líder de extrema-direita.

A curta estadia do argentino no país fez com que, na manhã de domingo, ele passasse por uma maratona de reuniões. Sempre ao lado de Bolsonaro, Tarcísio e Jorginho Mello — que foi quem lhe convidou para visitar Santa Catarina — participou de conversas com bolsonaristas, que tiraram selfies, pediram autógrafos e lhe entregaram livros.

Depois, participou de uma breve conversa com empresários do Sul, de empresas como Aurora, Farben, Tigre e também da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), além da XP Investimentos, sobre eventuais acordos econômicos entre o estado e a Argentina. Ainda antes do meio-dia, recebeu de Bolsonaro uma medalha dos três “Is”, que significam “imorrível, imbrochável e incomível”. O presente costuma ser entregue por Bolsonaro a aliados, como ele fez com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), no mês passado.

Na hora do almoço, Tarcísio foi embora e Bolsonaro foi almoçar na feira do pescador. Já Milei permaneceu no hotel, de onde só saiu a tarde para ir até o CPAC. Ele foi a grande estrela desta edição e entrou no palco da conferência pouco antes das 17h, onde falou por cerca de meia hora. Em seu discurso, disse que o ex-presidente é alvo de “perseguição judicial” no Brasil, falou mal do socialismo e de governos de esquerda e não citou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em nenhum momento.

Foi aclamado, aplaudido e recebido com gritos de “Milei, Milei” e “viva la libertad”. Rapidamente deixou o centro de convenções, sem dar espaço para tietagem dos visitantes, e embarcou no Aeroporto de Navegantes por volta das 19h, rumo à Argentina. Durante todo o tempo que passou em Balneário Camboriú, o argentino recebeu escolta da Polícia Militar de Santa Catarina e da Guarda Municipal. Como ele não veio em missão oficial e não visitou o presidente Lula, como dita o protocolo diplomático, não recebeu apoio do Itamaraty.

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