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LULA EM PERNAMBUCO

"Milagre que aconteceu com um cara que viveu a seca", diz Lula sobre obras da transposição

Presidente esteve no distrito de Ipojuca, em Arcoverde, para inaugurar Estação de Abastecimento

Lula inaugurando a estação elevatória em ArcoverdeLula inaugurando a estação elevatória em Arcoverde - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Sem um púlpito disponível para acomodar seu discurso impresso, durante a inauguração da Estação Elevatória de Água Bruta - Ipojuca, na cidade de Arcoverde, Sertão pernambucano, na manhã desta quinta-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu mão do texto preparado para falar de improviso. Pela natureza da obra que acabava de inaugurar - resolve para milhares de pernambucanos um problema que ele mesmo viveu na pele, a seca - a decisão de improvisar as palavras foi bem sucedida.

Lula começou destacando as qualidades de cada integrante de sua equipe de ministros presente, inclusive de seu ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, que professor da Universidade Federal de Pernambuco. "O Sérgio era do PSDB, mas era ‘cupinxa’ do Arraes", brincou. "Foi ministro no momento mais extraordinário em pesquisa nesse país. A gente criou um PAC e um comitê de cientistas. E, quando terminou o mandato, fomos homenageados pelos cientistas, pois conseguimos aplicar todos os R$ 41 bilhões", lembrou. 

Em seguida, o presidente recordou, usando um tom bem humorado, como foi o primeiro contato com Raquel Lyra.
 

"Na primeira vez que encontrei com a Raquel Lyra, ela não estava tão simpática assim", brincou. "Ela tinha sofrido a morte do marido dela durante as eleições, era meio carrancuda e eu pensei: 'Essa mulher é invocada'. Ela tinha sido delegada, procuradora...
Eu disse a ela: 'Embora a gente seja de partido diferente, quero que você saiba que Pernambuco não terá nenhuma dificuldade do governo federal e, no que você precisar, será atendida com muitas decência. E eu tenho certeza que isso está acontecendo, uma relação civilizada", apontou, elogiando o seu ministro da Casa Civil, Rui Costa, por intermediar essa aproximação com a governadora de Pernambuco.

 

Lula também fez menção ao trabalho do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para construção de uma base sólida no Congresso Nacional, apesar de o governo só contar com 70 deputados na bancada.

Deus, seca e lembranças de retirante
Após agradecer a presença dos aliados no ato, Lula passou a se dirigir ao público e apostou em um discurso carregado de religiosidade. Vale lembrar que o governo disputa com a extrema direita pela grande fatia do eleitorado cristão, seja evangélico ou católico.

“Eu queria perguntar se vocês acreditam em Deus. E queria perguntar se vocês acreditam em milagre”, iniciou. O público respondeu "Sim" para ambas as indagações. “Então eu vou contar dois milagres que estão acontecendo aqui agora. O primeiro milagre só pode ter acontecido por ser obra de Deus. Porque a obsessão que eu tenho pela falta de água no Nordeste é porque, quando eu tinha sete anos, a gente tinha que buscar água em um pote, no açude. E vocês sabem como é água de açude. É água barrenta, com sujeira, com cocô de animais. A gente levava pra casa, deixava assentar, em um pote e em um outro. A gente bebia aquela água, a gente era tudo barrigudinho, era fininho. A pessoa muito jovem já estava com o dente cariado e perdia o dente porque a água não era tratada”, relembrou.

“O primeiro milagre é o que estamos fazendo hoje aqui. Porque ninguém acreditava que era possível fazer a transposição do rio São Francisco. No tempo do império, o imperador dom Pedro teve a primeira ideia de fazer a transposição. Ele contratou um alemão, que fez um estudo de onde era o melhor lugar para fazer a transposição. Cem anos depois, nós, com todo o avanço da engenharia, fizemos essa obra e, quando o engenheiro foi investigar o melhor lugar para tirar água, era o mesmo lugar que o engenheiro alemão tinha dito a dom Pedro”, disse o presidente.

Lula detalhou as dificuldades que a transposição enfrentou pela resistência dos estados, que se consideravam “donos do rio”, a exemplo do governo baiano da época. “Graças a Deus, a gente elegeu o governador Jaques Wagner, que disse que a água não era da Bahia, era do povo brasileiro e nós conseguimos fazer água para 12 milhões de brasileiro. Esse é um milagre que aconteceu com um cara que viveu a seca. com sete anos de idade saí de Caetés [no Agreste de Pernambuco]. E esse nordestino, que saiu daqui para não morrer de sede, volta para inaugurar a transposição do rio São Francisco”, destacou.
 

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