Militares presos por envolvimento no plano golpista são transferidos e chegam e Brasília
General Mário Fernandes e o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo estavam detidos no Rio
Presos preventivamente por suspeita de envolvimento no plano golpista, o general Mário Fernandes e o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo foram transferidos nesta quinta-feira para a carceragem do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB).
Eles estavam detidos no Rio de Janeiro há duas semanas desde a deflagração da Operação Contragolpe, que investigava um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
O ministro Alexandre de Moraes autorizou a transferência dos dois à Brasília após eles entrarem com um pedido para ficarem próximos da família e dos locais onde moram. Conforma a decisão do ministro do STF, os militares poderão receber visitas de suas esposas e filhos. Outras visitas dependem de autorização, com exceção dos advogados.
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Os dois fizeram parte das Forças Especiais, grupo de elite do Exército apelidado de "kids pretos. Mário Fernandes foi um dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado. Ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro, ele é apontado como o responsável por elaborar e imprimir o plano chamado de Punhal Verde e Amarelo, que previa os assassinatos de Lula e Alckmin.
A defesa do general nega que ele tenha envolvimento na trama golpista e afirmou que o plano “não foi entregue a ninguém”.
– Se você achar essa minuta física com alguém eu me destituo da defesa. Ninguém teve acesso à minuta. Ela não foi entregue a ninguém – disse o advogado Marcus Vinicius Figueiredo. O defensor também afirmou que o militar “não tem nada a ver” com o grupo de kids pretos que monitoraram os passos de Moraes em Brasília.
A defesa do tenente-coronel Azevedo também nega que ele tenha participado do plano de ruptura democrática e afirma que ele está preso por uma "ação de sabotagem". Segundo a PF, um celular atribuído a Azevedo foi utilizado no grupo Copa22 no qual foi discutido detalhes de uma operação para capturar Moraes em 15 de dezembro de 2022 - a ação acabou sendo "abortada" por um alvo ainda não identificado.
O advogado Jeffrey Chiquini afirmou que o militar só recebeu este aparelho do batalhão em 24 de dezembro de 2022 e que ele estava em Goiânia no dia 15.
— Ele não fazia parte do grupo Copa22 e só pegou o celular no dia 24 de dezembro.
É muito comum nas Forças Especiais ou outras tropas de elite, o fornecimento de celulares descartáveis que o Exército compra com verba operacional. Eu não tenho como afirmar como aconteceu. Ou o verdadeiro culpado plantou o celular para desviar a acusação ou de fato existiu uma sabotagem para dar esse celular a ele — afirmou o advogado.
O defensor enviou à Justiça gastos no cartão de crédito do militar para sustentar que ele estava longe de Brasília em 15 de dezembro.
Apesar de estar preso preventivamente, Azevedo não foi indiciado pela PF como o general Mário Fernandes.