Militares presos por plano golpista já tinham sido alvos da PF em outras operações
O tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira chegou a ser preso em fevereiro deste ano, no âmbito da operação Tempos Veritatis, e usava tornozeleira eletrônica desde maio
Pelo menos três dos quatro militares presos nesta terça-feira da já haviam sido alvo de outras investigações da Polícia Federal sobre tentativas de golpe após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira chegou a ser preso em fevereiro deste ano, no âmbito da operação Tempos Veritatis, enquanto o general e ex-ministro interino da Secretaria-Geral Mário Fernandes e o tenente-coronel Helio Ferreira Lima foram alvos de mandados de busca e apreensão na mesma ação.
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O general da reserva Mario Fernandes foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, segundo posto mais importante da pasta, que chegou a assumir interinamente. Ele também foi assessor no gabinete de Eduardo Pazuello (PL-RJ) na Câmara dos Deputados entre 28 de março de 2023 a 04 de março de 2024, cargo que deixou após ter sido alvo de mandado de busca e apreensão na Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro.
Fernandes estava na reunião gravada em vídeo em que o então presidente Bolsonaro instruía os seus ministros a agirem contra o sistema eleitoral brasileiro. Na delação firmada com a Polícia Federal e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid define o general Mário, seu nome de guerra, como um dos militares mais radicais do núcleo golpista e defensor “incisivo” de um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
Já o também tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira havia sido solto em maio e usava tornozeleira no momento em que foi alvo da PF, nesta terça-feira. Ele foi preso no começo do ano e estava afastado das funções quando servia em Niterói por determinação da Justiça, de acordo com a Força. Segundo as investigações da operação Tempos Veritatis, Rafael era o interlocutor de Mauro Cid "na coordenação de estratégias adotadas pelos investigados para a execução do golpe de Estado e para a obtenção de formas de financiar as operações do grupo criminoso".
Para a PF, os diálogos e demais informações obtidas pela investigação "revelam fortes indícios de que o major Rafael Martins de Oliveira atuou diretamente direcionando os manifestantes para os alvos de interesse dos investigados, como STF e Congresso Nacional, além de realizar a coordenação financeira e operacional para dar suporte aos atos antidemocráticos, com novos indícios de arregimentação e utilização de integrante das Forças Especiais (FE) do Exército especializados em atuação em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis, para subverter o Estado Democrático de Direito".
Já Hélio Ferreira Lima, que chegou a se manter calado em depoimento à PF também em fevreiro deste ano, era investigado por atuar na busca por inconsistências nas urnas eletrônicas. Para os agentes, as medidas eram direcionadas à propagação de desinformação para gerar descrédito do sistema eleitoral. Ele teria enviado a Mauro Cid um documento em inglês e um arquivo em formato PDF com o nome “fraude nas Urnas 2022” e mensagens que insinuam a existência de dois códigos-fontes das urnas eletrônicas.
Ferreira Lima atuou no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, antes de ser encaminhado a Manaus, onde ocupava o posto de comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais. Ele foi exonerado do cargo em fevereiro, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar que os militares investigados pela operação da PF sejam suspensos da função pública.