Rebeca Andrade: ministro apaga ginasta de foto histórica com Biles em montagem para propaganda
Após a repercussão negativa nas redes sociais, a publicação foi removida do perfil da pasta
O Ministério das Comunicações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apagou a ginasta Rebeca Andrade de uma montagem destinada a divulgar o programa "Computadores para Inclusão".
Na noite de segunda-feira (5), a pasta fez a publicação com a exclusão da atleta brasileira da icônica foto em que é reverenciada no pódio do solo feminino dos Jogos Olímpicos de Paris pelas americanas Simone Biles e Jordan Chiles.
Após a repercussão negativa nas redes sociais, a publicação foi removida do perfil da pasta e substituída por uma nova montagem, na qual Rebeca não é excluída da foto.
Rebeca Andrade superou Simone Biles, conquistou o ouro e se consolidou como a maior atleta olímpica da história do País. Biles ficou com a medalha de prata e Chile, com o bronze.
Na montagem publicada no Instagram, o Ministério das Comunicações apagou Rebeca da fotografia e incluiu o logotipo do programa no lugar da ginasta.
"Estamos subindo ao pódio da inclusão, conquistando medalhas de ouro em acesso e oportunidade", dizia a legenda da publicação. Procurado pelo Estadão, o ministério não respondeu.
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A montagem repercutiu de forma negativa nas redes sociais e foi criticada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Ministério das Comunicações do Lula retira Rebeca Andrade de sua foto histórica em 1º lugar no pódio das Olimpíadas e troca por um computador em publicação no Instagram", escreveu o ex-presidente.
A publicação original foi removida do perfil no Instagram do Ministério das Comunicações na manhã desta terça-feira, 6, e substituída por uma nova montagem.
A legenda da nova publicação pede retratação pelo ocorrido. "Pedimos sinceras desculpas à Rebeca e a todos os brasileiros e brasileiras pela postagem anterior", disse o ministério.
Ministro indiciado por corrupção
O Ministério das Comunicações é comandado por Juscelino Filho, indiciado pela Polícia Federal (PF) pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A corporação imputa crimes ao ministro em um caso envolvendo possíveis desvios de verbas públicas na estatal Codevasf. O caso foi revelado pelo Estadão em janeiro de 2023.
Apesar do indiciamento, Lula manteve o ministro no cargo, alegando que, até que o processo seja concluído pela Justiça, Juscelino detém a presunção de inocência.
O deputado federal licenciado também está blindado por seu partido, o União Brasil, que lhe prometeu apoio "incondicional".
Programa divulgado favoreceu cidade do ministro
Como mostrou o Estadão, o programa "Computadores para Inclusão" favoreceu, em 2023, a cidade de Vitorino Freire, no Maranhão, reduto eleitoral de Juscelino.
O município é chefiado pela irmã do ministro e, no ano passado, recebeu 120 computadores por meio da iniciativa.
O número desvia do padrão de recebimento de equipamentos por outras cidades do Maranhão. A pasta, em contrapartida, diz que o programa segue diretrizes "técnicas".
Ministérios do governo Lula durante as Olimpíadas
A pasta de Comunicações não foi a primeira do governo Lula a se envolver em uma controvérsia desde o início das Olimpíadas.
Logo no primeiro dia da competição, durante a cerimônia de abertura, o Ministério do Esporte fez uma publicação de cunho racista sobre a delegação do País.
A pasta publicou a foto de um chimpanzé segurando o volante de um barco com a legenda: "Todo mundo aguardando o nosso barco".