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daniela do waguinho

Ministra do Turismo, Daniela Carneiro fez campanha com miliciano condenado por homicídio

Deputada Federal pelo União Brasil aparece em fotos ao lado de Jura, na campanha de 2018 na Baixada Fluminense

Daniela do WaguinhoDaniela do Waguinho - Foto: Divulgação

Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, que tomou posse nesta segunda-feira (02) como ministra do Turismo do governo Lula, já fez campanha lado a lado com um miliciano condenado a 22 anos por homicídio. Em 2018, Juracy Alves Prudêncio, o Jura, aparece em fotos entregando santinhos ao lado de Daniela numa passeata na Baixada Fluminense. Na época, Jura estava preso em regime semiaberto, conseguiu autorização da Justiça para sair da cadeia para trabalhar e ganhou o cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana na Prefeitura de Belford Roxo, comandada pelo marido de Daniela, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho. Na época, Daniela conseguiu ser eleita deputada federal. O GLOBO procurou a assessoria da ministra, mas ainda não obteve retorno.

A ministra, o marido e o miliciano também posaram juntos para fotos feitas em outros momentos, como uma festa infantil. Segundo as sentenças que condenaram o ex-sargento da PM entre 2010 e 2014, Prudêncio era chefe do Bonde do Jura, uma milícia acusada de uma série de homicídios na Baixada Fluminense. Ele está preso desde 2009, quando foi o principal alvo da Operação Descarrilamento, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que levou para trás das grades nove PMs acusados de integrar a milícia que ele chefiava.

Em 2020, o EXTRA revelou que o miliciano ganhou um cargo na prefeitura de Belford Roxo — o que motivou sua exoneração. Em seguida, uma investigação determinada pela Vara de Execuções Penais descobriu que ele saía da cadeia, mas não comparecia na prefeitura e, mesmo assim, "lhe eram atribuídas as horas trabalhadas". A prefeitura, na época, afirmou que Jura “nunca tomou posse" e que o município “nunca pagou salários” a ele: segundo o órgão, o ex-PM cumpria "voluntariamente expediente na parte administrativa atendendo às demandas do órgão”. Após o caso vir à tona, Prudêncio não conseguiu mais autorização para sair da cadeia.

Jura, inclusive, foi citado no relatório final da CPI das Milícias, presidida pelo então deputado estadual Marcelo Freixo — que será subordinado a Daniela no novo governo, afinal foi anunciado pela ministra como presidente da Embratur. O documento já apontava que o bando liderado pelo ex-PM “era formado por 70 pessoas, incluindo policiais militares”. Ameaças feitas pela milícia levaram à transferência de seis policiais e até do delegado da 56ª DP (Comendador Soares), que investigava o bando. Uma policial foi afastada do trabalho após ser diagnosticada com síndrome do pânico.

Vítima de 16 anos executada a tiros
Prudêncio é condenado pelo homicídio de um desafeto da milícia. O crime aconteceu no dia 27 de maio de 2007. A vítima, Paulo Ricardo Soares da Silva, de 16 anos, foi executada a tiros dentro de um bar em Nova Iguaçu. “Quem lhe dota de poderes para matar? E matar de forma absoluta, atroz e ferozmente por simples desavença. A resposta não será encontrada em manual acadêmico ou em apostila de sociologia. Matam por capricho, matam por maldade, matam crentes da impunidade”, escreveu o juiz Murilo Kieling, da 3ª Vara Criminal, na sentença.

No último dia 13 de dezembro, a Justiça fluminense negou o pedido de Prudêncio para visitar a família no Natal. Segundo a decisão, da juíza Beatriz de Oliveira Monteiro Marques, o miliciano "atuaria, inclusive, na área política, ameaçando moradores das localidades em que atuava a votarem nele". Em 2008, Jura foi candidato a vereador de Nova Iguaçu pelo Partido Republicano Progressista (PRP). Com 9.335 votos, ele não conseguiu se eleger. De acordo com a investigação, o ex-PM usou a estrutura da milícia para fazer sua campanha.

Jura não foi o único miliciano que ganhou, de Waguinho, um cargo na Prefeitura de Belford Roxo. O ex-tenente da PM Fernando Cardoso do Amaral, também apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como chefe de um grupo de extermínio, foi nomeado assessor especial de serviços na Secretaria Municipal de Saúde em fevereiro do ano passado.

Ele foi expulso da PM em 2015 após ser acusado de ter feito um registro de ocorrência falso, afirmando que foi vítima de um roubo, para justificar ter sido baleado durante a invasão de uma favela pela milícia que culminou na morte de um traficante rival. Após o caso ter sido revelado pelo RJTV, Amaral foi exonerado do cargo.

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