Ministro da Secretaria-Geral diz que atos terroristas afastam eleitores anti-Lula do bolsonarismo
Marcio Macêdo pede atuação rigorosa à conduta de Ibaneis Rocha, afastado do cargo de governador do Distrito Federal por determinação de Alexandre de Moraes
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macedo, acredita que os ataques terroristas às sedes dos três Poderes neste domingo podem contribuir para que até os eleitores que rejeitam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se distanciem do bolsonarismo radical.
"Na hora que todas as questões forem esclarecidas e os culpados punidos, é preciso unificar o país", pregou Macêdo em entrevista ao Globo.
Leia também
• Abin alertou sobre risco de invasão a prédios horas antes de atos de terrorismo
• Financiadores de atos terroristas foram identificados em dez estados, segundo Flávio Dino
• STF passa por perícia da PF após atos terroristas
O ministro enxerga na investida golpista uma tentativa de desmoralização dos Poderes da República e pede investigação à atuação do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afastado do cargo por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, suspeito de omissão.
O que senhor acha que levou os atos terroristas ganharem a dimensão que tiveram neste domingo?
Esse processo tem sido alimentado ao longo desses quatro anos por Jair Bolsonaro. É um movimento de um setor sectário e radicalizado do bolsonarismo que precisa ser apurado. É necessário apurar como essas manifestações se transformaram num processo de baderna, terrorismo e destruição do patrimônio público e de tentativa de desmoralização dos Poderes da República. Também precisa se investigar se houve conivência da polícia do Distrito Federal. Tem que ficar claro qual foi o papel do governador (Ibaneis Rocha) nesse processo. As investigações precisam ser rigorosas.
O governo recebeu algum alerta de inteligência de que os atos antidemocráticos pudessem chegar à invasão das sedes dos três Poderes?
Havia informações que teriam manifestações, mas na noite anterior houve uma mudança na estratégia (por parte das forças de segurança do governo do Distrito Federal) de como lidar com a manifestação. E isso tem que ser apurado.
O ataque pode ser uma oportunidade para o governo isolar o bolsonarismo?
Um episódio como esse não tem nada de bom, mas há lições a serem tiradas. Há uma parte da sociedade que não votou no Lula por diversas razões, ideológicas, ou porque não gostavam da gente, mas que não concordam com esse tipo de ação terrorista. Na hora que todas as questões forem esclarecidas e os culpados punidos, é preciso unificar o país. E essa parte sectária do bolsonarismo precisa ser punida pelo rigor da lei.
Os ataques terroristas alteram as prioridades do seu ministério?
O ministério da Secretaria-Geral tem como objetivo fortalecer e ampliar as condições que facilitem a participação popular. Também nos cabe reestabelecer os equipamentos democráticos e acolher demandas do povo. Esse episódio mostra que o conjunto da população deve ser ouvido e receber informações adequadas para fortalecer a democracia.