PRESSÃO

Ministro Fernando Haddad perde o sono com devolução de MP do PIS/Cofins

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, sofre duras críticas de agentes do mercado financeiro em relação às medidas para atingir meta fiscal

Ministro Fernando Haddad terá que rever medidasMinistro Fernando Haddad terá que rever medidas - Foto: Agência Brasil/EBC/Divulgação

Considerada mais uma derrota do Governo, a devolução de parte da MP que mexe em PIS e Cofins parece ter desestabilizado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nos bastidores, atores do mercado financeiro acreditam que a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, responsável pela devolução, é um sinal também de que o plano de voo do Ministério da Fazenda para atingir metas fiscais, baseado no aumento de receitas, pode ter chegado a um limite.

Rodrigo devolveu a MP após forte reação de empresários e parlamentares. Ao comentar a devolução, ainda na terça à noite, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que não há “plano B” à medida. A MP foi proposta para compensar perdas que os cofres públicos terão neste ano com a desoneração da folha de empresas e municípios.

A arrecadação prevista era de cerca de R$ 29 bilhões — e sem esta medida ou um “plano B” o governo teria de arcar com este prejuízo no Orçamento. “Isso, está claro: neste ano não há espaço para aumento de arrecadação", disse Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, em entrevista para um grupo de jornalistas.

Vale indicou que não alterou por ora sua previsão de déficit para este ano, que é de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o economista, a estimativa já prevê as dificuldades que a Fazenda teria para avançar com medidas compensatórias à desoneração da folha de salários.

O Ministério da Fazenda prevê déficit zero para este ano, mas a maior parte do mercado precifica prejuízos maiores, em parte por acreditar que a capacidade arrecadatória está próxima de um limite. Já Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, também não altera sua previsão de déficit para este ano, que é de 1% do PIB. O analista relembra que o governo conquistou vitórias relevantes em 2023 que resultam em uma elevação da receita para este ano, como a volta do voto de qualidade no Carf.

“O problema é que não pode reajustar a arrecadação para sempre, a população começa a reagir quando sobem muito os impostos”, indica. A perspectiva de Pedro Paulo Silveira, economista da A3S Invest, é semelhante: “Para mim, está claro que o Congresso não vai entregar nenhum aumento que o governo enviar neste ano”, disse.

 

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