Ministro interino do GSI exonera mais 29 servidores do gabinete
Medida faz parte do 'processo de renovação' pelo qual passa o órgão
O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, demitiu nesta quarta-feira (26) mais 29 servidores do órgão — a maioria deles trabalhava na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A medida faz parte do "processo de renovação" pelo qual passa o GSI no momento, segundo as palavras de Cappelli.
O interino recebeu uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer uma "limpa" no órgão após a demissão do general Gonçalves Dias, na semana passada. Três dos quatro secretários nacionais do GSI foram exonerados no ato de hoje. São eles: Max Moreira, Marcius Netto e Marcelo Gomes — todos militares de alta patente.
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Clima de desconfiança
Como O Globo revelou na terça-feira (25), a saída do general de Dias ampliou o clima de desconfiança com ocupantes de postos de comando do ministério que foram indicados pelo governo Bolsonaro ou são ligados à gestão anterior e permaneciam no Palácio do Planalto.
O incômodo estava concentrado nas três das quatro secretarias do GSI em questão, além do titular do Departamento de Gestão, responsável pela nomeação de todos os militares lotados no Planalto.
Um dos demitidos, que ocupava a Secretária de Assuntos de Defesa e Segurança Nacional, o brigadeiro de ar Max Cintra Moreira, foi empossado pelo general Augusto Heleno, homem de confiança de Bolsonaro, em abril de 2022. Ele também foi Adido de Defesa e Aeronáutico da Embaixada na China.
No cargo, integrou o Conselho Nacional da Amazônia Legal do governo Bolsonaro, presidido pelo ex-vice-presidente Hamilton Mourão.
Já o contra-almirante Marcelo da Silva Gomes ocupava a Secretaria de Coordenação de Sistemas desde novembro de 2021. Pouco depois foi promovido ao posto em que atuou até hoje. No cargo, integrou o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro.
Em depoimentos à PF: Militares do GSI responsabilizam PM pela chegada dos golpistas ao Palácio do Planalto
Um dos principais desconfortos dizia respeito à atuação do general Marcius Cardoso Netto, secretário de Segurança e Coordenação Presidencial. Caberia a ele comandar a segurança presidencial se o governo não tivesse tirado do GSI a atribuição da proteção de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.
Com a criação da Secretaria Extraordinária Segurança Imediata do Presidente, atualmente sob gestão do delegado da Polícia Federal Alexsander Oliveira, o general ficou com a atribuição mais restrita à segurança do Palácio do Planalto. Houve, no entanto, uma tensão com a relação entre os policiais federais da Secretaria de Segurança Aproximada do Presidente e os militares.
O Globo apurou que, apesar da segurança de Lula e Alckmin ser atribuição da PF, a secretaria que era comandada pelo general seguia enviando militares para agendas de Lula no Brasil e no Exterior. Um exemplo foi para a recente viagem presidencial à China, onde foram enviados militares para segurança de Lula, mesmo com o trabalho liderado pela PF. O mesmo se repetia em agendas nacionais.
Outro posto considerado chave no GSI, que era ocupado por nome indicado pelo governo anterior, é a Diretoria do Departamento de Gestão, onde o coronel Gladstone Barreira Júnior estava lotado desde abril de 2019. Ele também foi exonerado. Por essa estrutura passaram não só todas as requisições e designações de militares lotados no Palácio do Planalto na gestão de Bolsonaro, como mudanças dos primeiros meses do governo Lula.