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Ministros de Bolsonaro demonstraram preocupação com sigilo de reunião com trama golpista

Encontro revela 'nitidamente o arranjo de dinâmica golpista', segundo decisão de Moraes

Imagem de vídeo da reunião de Bolsonaro com ministros Imagem de vídeo da reunião de Bolsonaro com ministros  - Foto: reprodução

Ministros do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro demonstraram preocupação com o sigilo do conteúdo da reunião golpista realizada pela cúpula do governo em julho de 2022. A íntegra do encontro foi divulgada nesta sexta-feira pelo Supremo Tribunal Federal e foi um dos elementos que embasaram a decisão que autorizou a operação da Polícia Federal desta quinta-feira.

A PF mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros de estado e aliados próximos suspeitos de fazerem parte de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado.

A reunião, realizada no dia 5 de julho de 2022 pela alta cúpula do governo, com a presença de Bolsonaro, “nitidamente revela o arranjo de dinâmica golpista”, segundo a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Uma das principais declarações foi dada pelo ex-ministro Augusto Heleno, que comandou o Gabinete de Segurança Institucional durante o governo Bolsonaro. O general afirmou que se "tiver que virar a mesa é antes das eleições”, além de afirmar que era necessário agir "contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas".

Heleno começa sua intervenção falando sobre um “problema da inteligência” e cita uma reunião com o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência, (Abin), Victor Carneiro, para infiltrar agentes nas campanhas eleitorais, mas alerta sobre o risco de vazamento dessa operação.

— Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Vitor, novo diretor da Abin. Nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. Depois disso se vazar qualquer coisa (inaudível) A gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação, infiltração, desse elemento da Abin, em qualquer lugar 

Em seguida, o próprio Bolsonaro demonstra preocupação com o sigilo da informação e pede para que qualquer coisa que “porventura” esteja sendo feita pela Abin seja tratado em conversa particular.

— Ô general, eu peço que o senhor não fale, por favor. Não precisa mais da tua observação aqui. Eu peço que não prossiga com tua observação. Se a gente começar a falar não vazar, esquece. Pode vazar. Então, a gente conversa em particular na nossa sala sobre esse assunto. O que porventura a Abin está fazendo. 

Em outro momento, foi a vez do ex-ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner do Rosário, se preocupar com eventuais registros do encontro. Antes de afirmar que as urnas não são seguras, o ex-ministro pergunta:

— A reunião está sendo gravada? Está sendo gravada, em presidente? — questiona Wagner do Rosário.

Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro em 2022, nega gravação da reunião. Bolsonaro, então, afirma que determinou apenas a gravação de uma das suas falas:

— Não, eu mandei gravar a minha fala — afirmou o ex-presidente.

Por fim, o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, um dos alvos da operação desta quinta-feira, pediu aos colegas que “os detalhes fiquem entre a gente nessa reunião”.

Em sua fala, Paulo Sérgio afirmou que o Ministério da Defesa tinha o papel de colocar as Forças Armadas no processo eleitoral, e que enviou 15 propostas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para dar “transparência e segurança”.

O ministro afirma ainda que o TSE tem “o sistema e o controle do processo eleitoral” e que eles estavam “de mãos atadas”.

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