Ministros do TCU recusam convite e café da manhã com Bolsonaro pode virar fiasco
A reunião serviria para a abertura de um diálogo no mesmo dia em que o Senado instalará a CPI da Covid-19
O convite do presidente Jair Bolsonaro para que os nove ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) tomem café da manhã com ele no Palácio do Planalto na terça (27) corre o risco de virar um fiasco.
O encontro reuniria sete ministros de Bolsonaro e o presidente do BNDES Gustavo Montezano, de um lado, e os ministros do TCU de outro. Os convites já foram disparados.
A reunião serviria para a abertura de um diálogo no mesmo dia em que o Senado instalará a CPI da Covid-19 -que deve ser abastecida com investigações e relatórios do tribunal.
Pelo menos quatro ministros do TCU, no entanto, não devem comparecer. E há dois que ainda não responderam, mas que tendem a seguir os colegas.
A presidente do tribunal, Ana Arraes, já declinou oficialmente do convite. Não pretendem comparecer também o vice-presidente do órgão, Bruno Dantas, e os ministros Benjamin Zymler e Vital do Rêgo -justamente os que relatam processos relacionados à área da saúde.
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A principal razão seria o entendimento de que não é o momento de ministros do TCU participarem de aglomerações, se arriscando e dando mau exemplo à população, que está sendo chamadas a aderir ao isolamento social para frear a epidemia da Covid-19.
Ainda pior: o encontro serviria para a divulgação de uma imagem de confraternização no momento em que o órgão de controle fiscaliza temas sensíveis e complexos, como a aplicação de recursos para o combate ao novo coronavírus pelo governo federal, a efetividade das políticas públicas e a omissão da gestão Bolsonaro em alguns temas.
O TCU cobra, por exemplo, os gastos com produção e distribuição de cloroquina pelo Exército. O remédio não tem eficácia comprovada contra a Covid-19.
Há ainda incômodo com a tentativa do governo Bolsonaro de convencer um dos ministros, Raimundo Carreiro, a aceitar uma embaixada no exterior e sair do tribunal, abrindo vaga para que o presidente indique um aliado em seu lugar.
O ministro Augusto Nardes, que participou da articulação com o Planalto para fazer o café da manhã, deve comparecer representando a presidente do TCU, Ana Arraes.