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Monitoramento ilegal da Abin sob Bolsonaro pode ser ligado a atos antidemocráticos. Entenda

Há indícios de que houve uso do sistema no governo Bolsonaro para monitorar ilegalmente servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes e integrantes do STF.

O ministro Alexandre de MoraesO ministro Alexandre de Moraes - Foto: Gustavo Moreno/STF

A Polícia Federal deflagrou, na manhã de ontem, a Operação Última Milha para investigar o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e teve início em março como parte do inquérito das fake news.

Ao todo, foram cumpridos pela PF 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Goiás, e no Distrito Federal. Segundo os investigadores, há indícios de que houve uso do sistema no governo Bolsonaro para monitorar ilegalmente servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes e integrantes do STF.

De acordo com a apuração da Polícia Federal, o filho do general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro do governo Bolsonaro, Caio Cesar dos Santos Cruz, é um dos alvos na operação Última Milha. Ele teria participado da intermediação da venda do programa FirstMile, da empresa israelense Cognyte, com o governo brasileiro, no final do governo do ex-presidente Michel Temer.

Em nota após a operação, a Abin informou que instaurou um procedimento para apurar a questão, que todas as solicitações da PF e do STF foram atendidas integralmente, e que colaborou com as investigações desde o início.

“A Agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da ABIN reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito”, diz trecho da nota enviada à imprensa.

Ao Blog da jornalista Andréia Sadi, investigadores da Polícia Federal avaliaram que a apuração do caso Abin é mais uma peça dentro da investigação dos atos antidemocráticos. Como parte da tentativa de efetivação do golpe, eles citam uma série de eventos como bloqueios em rodovias, acampamentos nos quartéis, financiamentos às manifestações, a bomba no aeroporto na véspera do Natal, tentativa de invasão da sede da PF em 12 de dezembro de 2022 e o monitoramento de autoridades.

Esses elementos, embora aparentemente investigados de forma separada, estão ligados e deverão aparecer costurados ao final dos trabalhos de investigação, que deverá ser concluído no primeiro semestre do ano que vem, quando a PF deverá apontar quem foram os supostos mentores da tentativa de ruptura democrática.

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