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Supremo Tribunal Federal

Moraes ameaça suspender Telegram caso descumpra ordem de bloquear perfis de Allan dos Santos

Ministro do STF considerou que blogueiro bolsonarista usa plataforma para disseminar ataques às instituições

Ministro do STF Alexandre MoraesMinistro do STF Alexandre Moraes - Foto: Arquivo/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ameaçou em decisão dada no último dia 18 bloquear o aplicativo de mensagens Telegram pelo prazo inicial de 48 horas caso não haja a suspensão dos perfis do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.

"A utilização de vários perfis, criados com a intenção de se esquivar dos bloqueios determinados, tem sido prática recorrente de ALLAN LOPES DOS SANTOS para a continuidade da prática delitiva, comportamento que deve ser restringido", diz o ministro no despacho.

Ainda de acordo com o ministro, o blogueiro "tem se utilizado do alcance de seu perfil no aplicativo Telegram (com mais de 121 mil inscritos) como parte da estrutura destinada à propagação de ataques ao Estado Democrático de Direito, ao SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Senado Federal, além de autoridades vinculadas a esses órgãos".

O Telegram entrou na mira das autoridades da Justiça, sobretido Eleitoral, após reiteradas tentativas fracassadas de contato do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a plataforma. A preocupação a respeito do aplicativo diz respeito à possobilidade de propagação de notícias falsas, uma vez que permite a possibilidade de grupos com até 200 mil pessoas, possibilitando disparos em massa.

"Efetivamente, o uso do Telegram se revela como mais um dos artifícios utilizados pelo investigado para reproduzir o conteúdo que já foi objeto de bloqueio nestes autos, burlando decisão judicial, o que pode caracterizar, inclusive, o crime de desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito", aponta o ministro.

Segundo Moraes, a empresa foi notificada oficialmente em 13 de janeiro "para que procedesse ao bloqueio imediato de contas vinculadas" a Allan dos Santos, mas nenhuma providência foi adotada, "apesar das tentativas de intimação realizadas pela autoridade policial".

O ministro determinou a intimação do Telegram, por meio de intimação pessoal dos sócios de seu procurador domiciliado no país, escritório que cuida de questões relacionadas a propriedade intelectual.

Allan dos Santos, dono do canal Terça Livre, é alvo de dois inquéritos que investigam suposto esquema de divulgação de informações falsas no Supremo. Um dos inquéritos apura ameaças a ministros do tribunal e disseminação de conteúdo falso na internet, as chamadas fake news. O outro investiga o financiamento de atos antidemocráticos. Em outubro, Moraes determinou a prisão preventiva do blogueiro além de ordenar, ao Ministério da Justiça, início imediato do processo de extradição.

O banimento do Telegram por ausência de representação legal no Brasil e descumprimento da legislação vigente é uma medida que vem sendo debatida no Congresso e também no TSE. Na Câmara dos Deputados tramita o projeto que criminaliza o disparo em massa de fake news e cria regras de conduta para plataformas digitais, como redes sociais, buscadores e aplicativos de mensagem.

O texto obriga redes sociais com mais de 10 milhões de usuários a cumprir uma série de obrigações, como ter representação no país, criar mecanismos para evitar disparos em massa e publicar relatórios de transparência. Caso as empresas descumpram a legislação, há previsão de penalidades.

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