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Justiça

Moraes nega que tenha coagido Mauro Cid em audiência para confirmar delação

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros denunciados por tentativa de golpe de Estado pedem a nulidade da delação

 ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento de Bolsonaro, Mauro Cid e ministros ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento de Bolsonaro, Mauro Cid e ministros - Foto: Antonio Augusto/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta terça-feira que tenha coagido o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, durante depoimento no âmbito da colaboração premiada, no fim do ano passado.

A defesa de Bolsonaro e de outros denunciados por tentativa de golpe de Estado pedem a nulidade da delação alegando, dentre outros pontos, que Cid mudou de depoimento, o que indicaria a falsidade das informações.

— Quando o juiz adverte a testemunha falar a verdade sob pena de falso testemunho, nunca isso foi considerado coação, uma vez que tem que falar a verdade mesmo senão é falso testemunha — afirmou Moraes.

A defesa do general Braga Netto, feita pelo advogado José Luis Oliveira Lima, o Juca, afirmou na resposta à denúncia da PGR que Cid foi coagido no âmbito da investigação.

"Fatos como estes levam a crer que o colaborador não agiu de forma voluntária, pois foi coagido pela PF a corroborar com a linha investigativa por ela sustentada, retirando toda a espontaneidade da declaração de Mauro Cid", pontuou.

Moraes disse que ao realizar uma audiência com Cid em novembro do ano passado, o fez depois que a Polícia Federal pediu a prisão do militar apontando que ele havia omitido fatos objetos da colaboração.

O pedido obteve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República.

O ministro ressaltou que a investigação estava no final, e que se determinasse a prisão de Cid e ele confirmasse a delação preso, haveria alegação de advogados de defesa de que ele o fez porque estava preso.

— Então, foi dada a chance legal prevista pela lei. A audiência foi marcada para que o colaborador pudesse se manifestar sobre essa imputação que a Polícia Federal havia feito sobre dolosamente ter mentido e omitido fatos objetos da colaboração. O colaborador, no início da audiência, foi advertido assim, como toda testemunha é — disse.

O ministro Flávio Dino também seguiu o mesmo entendimento do colega.

— Não quero crer que uma autoridade militar do alto escalão do Exército brasileiro, que fez juramento inclusive de por sua vida a serviço da pátria, que tem treinamento militar, iria se intimidar numa audiência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, que cumpriu um dever — afirmou.

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