Logo Folha de Pernambuco

Justiça

Moraes prorroga inquérito das milícias digitais por mais 90 dias por haver diligências em andamento

Investigação aberta em 2021 mira ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados próximos; caso das joias sauditas, das fraudes em registros de vacinação e de mensagens golpistas fazem parte do inquérito

O ministro Alexandre de Moraes, durante sessão do STFO ministro Alexandre de Moraes, durante sessão do STF - Foto: Carlos Moura/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou o inquérito das milícias digitais, aberto desde julho de 2021, por mais 90 dias. No despacho, o relator considerou “a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento”. Foi a oitava prorrogação de prazo.

O inquérito foi aberto para investigar a produção e a disseminação de conteúdos que atacam as instituições democráticas nas redes sociais e provocam desdobramentos no mundo real. É no âmbito desse inquérito que surgiram três frentes de investigação que atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro: a da venda de presentes oficiais no exterior, como joias e relógios dados pela Arábia Saudita; a da falsificação de registros de vacinação contra a Covid-19; e a de trocas de mensagens de teor golpista.

A recém-homologada delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência, também está ligada ao inquérito das milícias digitais. A expectativa é que Cid contribua com informações para as três frentes de investigação, em especial sobre a suposta trama antidemocrática. Foi no celular de Cid que a Polícia Federal encontrou mensagens que continham um “passo a passo” para um golpe de Estado, como uma minuta de declaração de estado de sítio no país.

O ex-ajudante de ordens, que é tenente-coronel do Exército, prestou ao menos três depoimentos à PF no último mês, desde que passou a colaborar com as investigações. Parte das diligências em andamento que justificaram a prorrogação do prazo do inquérito está relacionada às informações dadas por Cid aos policiais. O acordo de delação foi firmado com a PF e homologado por Moraes no último dia 9. Após a homologação, o oficial, que estava preso havia quatro meses, foi solto.

Também foi no inquérito das milícias digitais que a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra oito empresários bolsonaristas que enviaram mensagens de teor golpista em um grupo de WhatsApp, em agosto de 2022. O material apreendido é avaliado por investigadores como peça-chave para o desfecho desse inquérito.

Mensagens trocadas entre Bolsonaro e o fundador da construtora Tecnisa, Meyer Nigri, são consideradas o elemento que faltava para a PF comprovar a principal hipótese criminal da investigação: a de que o próprio ex-presidente era o difusor inicial de fake news contra as instituições e o processo eleitoral.

Em uma das mensagens, Bolsonaro pediu a Nigri, em junho de 2022, para “repassar ao máximo” um texto que dizia, sem provas, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estava fraudando as eleições. O empresário respondeu: “Já repassei pra vários grupos!”, segundo a investigação. Naquele momento, o então presidente, que tentava a reeleição, aparecia atrás de Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto.

Com exceção de Nigri — que nega irregularidades — e do varejista Luciano Hang, as apurações sobre outros seis alvos da busca e apreensão foram arquivadas por Moraes. O ministro entendeu que, no caso deles, “embora anuíssem com as notícias falsas, não passaram dos limites de manifestação interna no referido grupo, sem a exteriorização capaz de causar influência em terceiros como formadores de opinião”.

Veja também

Governo Lula tenta afagar prefeitos eleitos e reeleitos com novo pacote

Governo Lula tenta afagar prefeitos eleitos e reeleitos com novo pacote

Trump completa escolha para altos cargos de seu gabinete com secretária de Agricultura
INTERNACIONAL

Trump completa escolha para altos cargos de seu gabinete com secretária de Agricultura

Newsletter