Moraes prorroga por mais 60 dias apuração contra Luciano Hang e o fundador da Tecnisa
Ministro alega que corporação não teve acesso ao celular do dono da Havan, enquanto Meyer Nigri divulgou mensagem contra as urnas que teriam vindo do celular do ex-presidente Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 60 dias o inquérito contra os empresários Luciano Hang e Meyer Nigri. O dono das lojas Havan e fundador da construtora Tecnisa, respectivamente, foram os únicos a terem a investigação estendida. Na mesma decisão, Moraes arquivou o processo contra outros seis empresários por trocarem mensagens de cunho golpista em um grupo de WhatsApp. Eles eram acusados de ter conversado sobre um golpe de Estado caso o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhasse as eleições.
De acordo com a decisão de Moraes, a PF pediu a extensão da investigação por não conseguir acesso às senhas do celular de Hang. Já Nigri teria recebido notícias falsas contra as urnas eletrônicas de um número de celular que seria do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a PF, um contato identificado como "Pr Bolsonaro 8" enviou um vídeo e uma mensagem atacando o processo eleitoral.
Em agosto de 2022, por ordem de Moraes, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra os oito empresários. Os diálogos foram revelados pelo site "Metrópoles". Apoiadores do ex-presidente, os empresários criaram um grupo de WhatsApp chamado "Empresários & Política", em 2021, e passaram a defender abertamente um golpe de Estado caso Lula fosse eleito.
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A decisão de Moraes pede o arquivamento da investigação contra os outros seis empresários do grupo: Afrânio Barreira Filho, dono do Coco Bambu, André Tissot, da Sierra Móveis, Ivan Wrobel, da W3 Engenharia, José Isaac Peres, da Multiplan, José Koury, do Barra World Shopping e Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii.
"Não foram confirmados indícios reais de fatos típicos praticados pelos investigados ou qualquer indicação dos meios que os mesmos teriam empregado em relação às condutas objeto de investigação ou, ainda, o malefício que produziu, os motivos que determinaram, o lugar onde a praticou, o tempo ou qualquer outra informação relevante que justifique a manutenção da investigação", diz o ministro em um trecho da decisão.
As trocas de mensagens mostravam que, no dia 31 de julho, o discurso de grandes empresários brasileiros a favor do golpe se intensificou, além de ataques ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).