Morre ex-assessor de Gabriel Monteiro que prestou depoimento de colete à prova de balas
Vinícius Hayden morreu em acidente na Região Serrana. Polícia fez perícia no local, e primeiras informações são de que motorista perdeu direção do veículo
Morreu na noite deste sábado (28) Vinicius Hayden Witeze, ex-assessor do vereador do Rio e youtuber Gabriel Monteiro, em um acidente de carro na RJ-130, estrada que liga Teresópolis a Nova Friburgo, na Região Serrana. Hayden prestou depoimento na última quarta-feira na Câmara de Vereadores do Rio no processo que pode culminar na cassação de Monteiro. Ao depor, Vinícius Haydan relatou sofrer ameaças. Ele entrou e saiu da Câmara cercado por seguranças e usando um colete à prova de balas.
De acordo a Polícia Civil, o acidente está sendo investigado pela 110ª DP (Teresópolis). Agentes fizeram uma perícia no local e as primeiras informações indicam que o motorista perdeu a direção do veículo ao entrar em uma curva da rodovia. Uma sobrevivente relatou aos policiais da delegacia que não houve intervenção de terceiros no acidente.
O Globo apurou que, dentro do carro, foram encontradas cópias do depoimento que Hayden deu na Câmara de Vereadores na última quarta-feira.
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Ao depor para a polícia, a passageira do veículo que sobreviveu no acidente descartou que o carro estivesse em alta velocidade já que havia sinais de problemas mecânicos por uso de gasolina de baixa qualidade. Aos policiais, ela ainda descartou qualquer situação anormal afirmou acreditar que o acidente foi causado pela soma de três fatores: o desconhecimento da via, a escuridão e a sinalização precária da estrada.
Em suas redes sociais, Gabriel Monteiro disse lamentar a morte do ex-assessor. O vereador também acusou Vinícius Hayden de forjar provas contra ele:
"Quem me conhece sabe que não desejo mal a ninguém. Meu ex-assessor que tinha sido pego oferecendo 600 mil reais a outro assessor para forjar provas contra mim. Que foi flagrado junto com o 02 da máfia do reboque. Morreu num acidente. É triste demais. Jamais torceria por esse fim! Após tentarem me forjar em estupros, pedofilias, assédios, e mil outros crimes. Vão falar que eu o matei. De coração, que ele esteja com Deus. Imagino a dor dos seus pais, pessoas maravilhosas", escreveu Monteiro.
Ao Globo Alexandre Isquierdo, presidente do Conselho de Ética da Câmara de Vereadores lamentou o acidente:
— Agora é aguardar a perícia da Polícia Civil, como quando tem um acidente de carro com óbito.Lamento as mortes, um rapaz jovem que deixa uma filha. Meus sentimentos a família — afirmou.
Depoimentos na Câmara indicam 'tocaia'
Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, Vinícius Hayden afirmou que havia uma orientação para investigar parlamentares com o objetivo de produzir vídeos que os constrangessem publicamente. De acordo com Alexandre Isquierdo (União), presidente do Conselho, um dos alvos dessas investigações foi a vereadora e ex-secretaria de Assistência Social Laura Carneiro (PSD):
— Foram depoimentos ricos, robustos e que vão ajudar o relatório final. A testemunha disse que havia a orientação de investigar fatos impactantes para constranger outros vereadores. Não que os vereadores tenham preocupação sobre isso, mas se ocorreu, é no mínimo antiético. Ele queria, supostamente, algo próximo do que foi feito com o Coronel Íbis. Com a vereadora Laura Carneiro havia uma orientação de perseguir, ficar em tocaia, investigar que horas ela saía e entrava na secretaria, para onde e como ela viaja. De certa forma isso nos surpreendeu - afirmou Isqueirdo.
O ex-assessor já havia contado à Polícia Civil que integrava um setor de funcionários do vereador criado para investigar pessoas apontadas por Monteiro para criar vídeos que agradassem seu público e lhes garantisse uma boa monetização.
O relator do processo Chico Alencar (PSOL) disse que a defesa do vereador fez perguntas com o intuito de desqualificar as testemunhas, sem entrar no mérito da investigação:
— Ficou evidenciada a promiscuidade entre a atividade parlamentar e a de youtuber, que é privada. Ambos disseram vir muito pouco à Câmara e não conheciam a atividade interna do gabinete. Trabalhavam muito na casa do vereador. Eles detalharam como foi a produção dos vídeos. Uma palavra que eles usaram frequentemente foi "manipulação " dos personagens que são contratados para fazer os vídeos — afirmou Alencar.