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Delação premiada

Morte de Marielle e Anderson: delator usava nome de ex-esposa de Suel como código

"Cris está no SPA?", por exemplo, era uma forma de perguntar se o Suel tinha sido preso

Élcio de Queiroz Élcio de Queiroz  - Foto: Tribunal de Justiça

O ex-PM Élcio de Queiroz, preso em 2019 suspeito de participar dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, revelou que usava um código para conversar com sua esposa por telefone. Em delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), ele explicou que a estratégia foi uma forma de não prejudicar a mulher ao falar sobre o ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões, o Suel.

No depoimento, ele revelou que chamava Suel, preso nesta segunda-feira, de "Cris". O código era uma referência à ex-mulher do bombeiro, chamada Cristiane. "Cris está no SPA?", por exemplo, era uma forma de perguntar se o Suel tinha sido preso, explicou ele. O código também era utilizado para se referir ao dinheiro que viria de ex-bombeiro.

"Quando falava 'Cris', era o dinheiro que viria. E ela falava que nada, que sumiu. Falava que 'a Cris está no SPA', 'a Cris está presa?", era o Suel, se o Suel estava preso", explicou ele.

Segundo Élcio, essa foi uma estratégia criada para conversar com a esposa no telefone sem prejudicá-la:

"Eu estava preocupado com minha esposa, dela falar alguma coisa. [...] Eu já estou preso, mas eu não quero a minha esposa presa. A minha esposa não sabe de nada", disse em depoimento.

Suel é apontado como cúmplice do ex-sargento da Polícia Militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes. Suel, de acordo com as investigações, ajudou no descarte de armas escondidas por Lessa.

Preso nesta segunda-feira durante a Operação Élpis, do Ministério Público do Rio e da Polícia Federal, o ex-sargento já havia sido detido anteriormente, em 2020.

De acordo com a PF, além de um mandado de prisão preventiva, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, no Rio de Janeiro: na capital e na Região Metropolitana.

Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pontuou que devem ocorrer outras operações contra alvos apontados nas investigações como mandantes do crime nas próximas semanas.

De acordo com Flávio Dino, Élcio Queiroz confessou ter dirigido o carro usado no ataque à vereadora e confirmou que o autor dos disparos foi Ronnie Lessa. Maxwell, preso no início desta manhã, foi responsável por fazer campanas para descobrir a rotina da vereadora.

Já o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, observou que o ex-sargento do Corpo de Bombeiros participou antes, durante e depois do crime: além de suporte logístico, ele realizou monitoramentos e ainda destruiu uma das provas do homicídio — o carro que foi utilizado também para transporte de armas.

Queiroz foi preso em março de 2019, em sua casa, no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio. No mesmo mês foram apreendidas, no guarda-roupas do quarto do ex-PM, duas pistolas, armas e munição. No carro dele, um Renault Logan prata, os agentes encontraram oito balas de fuzil.

O ex-PM é amigo de Ronnie Lessa, também ex-policial militar e que, segundo afirmou na delação premiada, foi quem atirou contra o carro de Marielle. Os dois estão presos em penitenciárias federais de segurança máxima.

Apesar da delação premiada, Queiroz seguirá preso. Ele e Lessa serão julgados pelo Tribunal do Júri pelas mortes da vereadora e de Anderson em data que ainda não foi definida.

Quem é Ronnie Lessa?
Ronnie Lessa foi apontado por Élcio Queiroz, em delação premiada, como sendo o autor dos disparos que mataram Marielle Franco e Anderson Gomes. Ex-policial militar, ele foi preso em março de 2019 pela participação nos assassinatos e acabou expulso da PM em fevereiro deste ano. Em 2021 foi condenado a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas na execução.

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