Motta diz não ver crise em indicação de Eduardo Bolsonaro para comissão de relações exteriores
Presidente da Câmara disse que presidentes das comissões devem ser definidos até quinta e descartou que a CCJ fique com o PL
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) afirmou na noite desta terça-feira não ver razão para crise institucional com uma provável indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para presidir a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Casa. Mais cedo, o deputado Lidbergh Farias, líder do PT na Câmara, disse que a nomeação poderia criar uma crise com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Motta disse, também, que os nomes dos presidentes das comissões da Câmara devem ser definidos em reunião de líderes nesta quinta-feira. A composição das comissões, afirmou, será definida em uma etapa subsequente.
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— Eu não acredito que haja razão para uma crise (uma eventual nomeação de Eduardo Bolsonaro para a comissão) até porque essa distribuição pelos partidos das comissões é uma coisa que já é conhecida por todos é uma é uma praxe regimental não há muito o que o presidente fazer o que outros partidos fazerem. Isso se dá pelo tamanho de cada bancada, não tem nenhuma novidade nisso, não há como interferir, não há como mudar — afirmou Motta a jornalistas antes de jantar com líderes partidários na casa da ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais.
Eduardo Bolsonaro feito articulações junto a parlamentares de direita nos Estados Unidos para, por exemplo, barrar o ministro do Alexandre de Moraes, do STF, de entrar nos EUA ou até mesmo de deportá-lo, caso a legislação entre em vigor e o magistrado esteja em solo americano. Nesta quarta-feira, o Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei que abre essa possibilidade.
— O Partido Liberal tem, pela conformação do nosso bloco parlamentar, o direito de fazer cinco escolhas, das quais a primeira e a segunda pelo tamanho da sua bancada. O líder do partido, deputado Sóstenes (Cavalcante), tem priorizado a Comissão de Relações Exteriores, e aí estamos dialogando para entender quais são as prioridades do PT e dos demais partidos pra que, a partir daí, os nomes possam ser indicados. Ainda não estamos tratando de nomes, essa é uma outra etapa — disse Motta.
Questionado sobre a possibilidade de o PL, partido de Bolsonaro, presida novamente a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Motta descartou a possibilidade e disse que honrará acordo feito pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (União Brasil-AL) de alternar a sigla que comanda a CCJ, a mais importante do parlamento.
— Em relação à CCJ tem um acordo, o PL já exerceu a sua vez na presidência da CCJ, que foi o ano passado com a deputada Carolina de Toni. O acordo tem de ser cumprido — disse ele.
Acompanharam o presidente da Câmara ao jantar na casa de Gleisi os líderes do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), e do PSD, Antonio Brito (BA). Também compareceu ao evento o deputado Doutor Luizinho (RJ), líder do PP.