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Declaração

Mourão diz que combate à "esquerda revolucionária" deve se dar "pela via democrática, no voto"

No Twitter, vice-presidente criticou presidente do Tribunal de Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes

Hamilton MourãoHamilton Mourão - Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O vice-presidente da República e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS) criticou nesta quinta-feira (24) a decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, de multar a coligação do presidente Jair Bolsonaro em R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé.

O PL entrou com a ação na Corte em que, sem provas de fraude, voltou a levantar suspeitas sobre parte das urnas usadas no segundo turno das eleições e pediu anulação de votos computados nelas. Nas redes sociais, Mourão disse que as ações são “exacerbadas” e classificou as medidas como “vingança”.

Ao rejeitar a ação do PL, Moraes também determinou a inclusão do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e do presidente do Instituto Voto Legal, Carlos Rocha, responsável pelo relatório que embasou a ação, no chamado inquérito das 'milícias digitais', que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro considerou o "possível cometimento de crimes comuns e eleitorais com a finalidade de tumultuar o próprio regime democrático brasileiro". Mourão se manifestou no Twitter.

“O recente recurso do PL, protocolado mais de 20 dias depois da proclamação oficial dos resultados das eleições, não dá ao TSE o direito de rejeitá-lo peremptoriamente e extrapolar, mais uma vez, por intermédio de multa absurda e inclusão dos demandantes em inquérito notadamente ilegal. Supressão discricionária do direito de recorrer e sanções desproporcionais configuram vingança, tudo que o país não precisa neste momento”, escreveu o vice-presidente.

Em seguida, ele classificou como "ápice do autoritarismo" um recente encontro do presidente do TSE com comandantes das Policiais Militares, em que o magistrado fez um balanço das eleições. Na publicação, Mourão convoca a direita conservadora a se organizar contra a esquerda. No texto, porém, ele não especifica quais medidas defende que sejam tomadas.

“Hoje, rumamos para um precipício. Assim, é chegada a hora da direita conservadora se organizar e combater a esquerda revolucionária. Necessário é reagir com firmeza, prudência e conhecimento; dentro dos ditames democráticos e constitucionais, para restabelecer o Estado Democrático de Direito no Brasil”, disse.

O Globo entrou em contato com o vice-presidente e o questionou sobre o que ele quis dizer quando defendeu o "combate" à "esquerda revolucionária". Em mensagem de texto, disse apenas que tal embate deveria se dar "pela via democrática, no voto", mas não deixou claro se em eleições ou em votações do Congresso, por exemplo.

"Para mim o TSE deve responder tecnicamente a demanda do PL e encerra a questão, sem recorrer a uma medida desnecessária como a que foi tomada", acrescentou.

Bolsonaro recebe comandantes
Um dia após a decisão do presidente do TSE contra a pedido do PL para anular parcialmente a votação, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu nesta quinta-feira (24) com os comandantes do Exército, Marinha e Força Área Brasileira (FAB). O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil que concorreu a vice na chapa de Bolsonaro, também participaram.

Braga Netto tem se encarregado pessoalmente de acompanhar o relatório do PL que questiona, sem provas, a votação. É o general que tem municiado Bolsonaro com informações e feito a interlocução com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Na semana passada, em conversa com bolsonaristas na porta do Alvorada, Braga Netto disse para não perderem a fé.

A reunião com os comandantes não está registrada na agenda oficial do presidente, que após o encontro seguiu para o Palácio do Planalto. Ontem, Bolsonaro voltou a despachar na sede do governo após 20 dias recluso na residência oficial.

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