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São Paulo

Movimentação de Marçal incomoda bolsonaristas que tentam emplacar vice de Nunes

Coach teve passagem polêmica por Brasília nesta semana, com superexposição e provocação ao prefeito de São Paulo, cargo que deve disputar em outubro

O empresário e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal e o ex-presidente Jair BolsonaroO empresário e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal e o ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Aliados do Jair Bolsonaro (PL) que vem tentando azeitar a aliança do ex-presidente com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), se incomodaram com a movimentação recente do empresário e coach Pablo Marçal, pré-candidato do PRTB à prefeitura.

 

 

Nesta quarta-feira, o coach publicou uma foto com Bolsonaro após ganhar uma medalha estampada com o rosto do ex-presidente e fez uma provocação ao prefeito de São Paulo.

"Almoçamos juntos e não pedi nada ao Bolsonaro. Todavia, tomei conselhos importantes que irei seguir. Em breve, teremos você novamente guiando essa nação. A partir de agora faço parte do grupo de poucos no Brasil que ganharam essa medalha do clube do Bolsonaro. O Nunes nunca terá essa medalha", escreveu Marçal nas redes sociais.

Bolsonaro, no entanto, afirmou que não vai apoiar a candidatura do coach à prefeitura de São Paulo. Ao Globo, o ex-presidente disse que tem Nunes como seu candidato à reeleição e indicará o vice. A possibilidade de uma aliança com Marçal passou a circular desde a noite desta terça, após um encontro entre os dois, em Brasília.

— Já temos pré-candidatos, que são o prefeito Ricardo Nunes e o vice, que é o Mello Araújo. Não disse que não apoio o Nunes — disse o ex-presidente.

Um dos principais articuladores da aliança entre Bolsonaro e Nunes, o advogado Fabio Wajngarten pode ser um dos atingidos numa eventual união entre o ex-presidente e Marçal. No X (antigo Twitter), Wajngarten endossou publicações questionando a permissão para o coach circular na Câmara dos Deputados com um broche oficial de parlamentar e repercutindo a reafirmação de Bolsonaro de que continua com o prefeito de São Paulo.

A leitura entre aliados do ex-presidente é que Bolsonaro passa um recado a Nunes ao se permitir fotografar com Marçal. Para eles, o encontro reforça a pressão tanto para uma guinada à direita do prefeito quanto para aceitar de vez o coronel Mello Araújo como vice — negociação que anda travada.

Marçal viajou a Brasília e se reuniu com Bolsonaro na terça-feira, na presença do deputado federal Luciano Zucco, presidente do PL do Rio Grande do Sul. O gesto foi visto tanto como "falta de bom senso" de Zucco, ao patrocinar um encontro do ex-presidente com um adversário de Nunes, quanto "oportunismo" do empresário.

Zucco nega que tenha articulado o encontro em Brasília. Mas o vídeo publicado pelo deputado no Instagram, em que ele recepciona Marçal e o agradece pela ajuda na tragédia no Rio Grande do Sul — dias após o empresário ter anunciado que disputaria a prefeitura — foi visto com desconfiança por bolsonaristas de São Paulo.

— Não intermediei. Só participei da reunião. Ele (Marçal) tem o contato do presidente — afirma Zucco.

A passagem de Marçal por Brasília, especialmente na Câmara dos Deputados, foi marcada por provocações, polêmicas e uma superexposição. Deputados governistas e da oposição trocaram empurrões, xingamentos e ameaças ao fim da sessão desta quarta-feira no Conselho de Ética da Cãmara, após os integrantes do colegiado aprovarem o arquivamento do processo de cassação do deputado federal André Janones (Avante-MG), aliado do Planalto, por suposta prática de rachadinha em seu gabinete.

Marçal, que estava na Câmara a convite de deputados do PL, se envolveu no bate-boca, e compartilhou várias das cenas em suas redes sociais. A atitude corroborou a desconfiança de bolsonaristas de São Paulo de que o coach procura mais publicidade para sua carreira do que representar a direita num projeto político para a capital paulista.

Pesquisas eleitorais recentes apontam Marçal com potencial de abocanhar parte do eleitorado à direita em São Paulo, o que pode prejudicar Nunes. O Datafolha divulgado na semana passada trouxe o empresário com 7% dos votos, empatado tecnicamente com José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB), que têm 8%. Já Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 24%, e o prefeito, com 23%.

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