MPT-RS pede condenação de empresa por assédio pró-Bolsonaro
O MPT pede a condenação da fabricante ao pagamento de R$ 10 milhões a título de danos morais coletivos e de danos morais individuais
O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS) ingressou com uma ação civil pública, na sexta-feira (7), contra a fabricante de máquinas agrícolas Stara por suposta coação eleitoral. A empresa fica no município de Não-Me-Toque.
Tradicional no agronegócio gaúcho, a Stara enviou uma carta aos seus fornecedores na semana passada informando que reduzirá a base orçamentária em 30% caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições no 2º turno.
O MPT pede a condenação da fabricante ao pagamento de R$ 10 milhões a título de danos morais coletivos e de danos morais individuais, válidos para cada funcionário com vínculo empregatício com a Stara no mês de setembro.
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A ação também pede, entre outros, que a "Justiça determine que a empresa se abstenha de obrigar, exigir, impor, induzir ou pressionar trabalhadores para realização de qualquer atividade ou manifestação política em favor ou desfavor a qualquer candidato ou partido político, bem como reforce em comunicados por escrito o direito livre de escolha política dos trabalhadores".
Na segunda-feira, a Justiça gaúcha deu 48 horas para que a Stara preste esclarecimentos sobre o caso antes de julgar a liminar pedida pelo MPT. Como esta quarta-feira é feriado de Nossa Senhora, o processo só deve ser apreciado a partir de quinta-feira.
Presidente da empresa doou R$ 350 mil à campanha de Bolsonaro
A Stara é controlada pela família Trennepohl, simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PL). O presidente do conselho de administração, Gilson Trennepohl, doou R$ 350 mil à campanha de Bolsonaro, e mais R$ 300 mil à do ex-ministro da Cidadania bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), candidato ao governo gaúcho.
O presidente da empresa, Átila Trennepoh, afirma que o documento não era direcionada ao público externo e não configura uma ameaça, e sim uma projeção. Diz, ainda, que a companhia não planeja demissões mesmo se Lula vencer as eleições. Ao Globo, ele refutou que o documento represente qualquer anúncio ou ameaça de demissões.
— O comunicado era dedicado ao time de fornecedores mais estratégicos e não deveria ter saído ao mercado, diz respeito a uma informação de dentro da empresa. É um alinhamento sobre nossas previsões orçamentárias e acontece com frequência, foi mal interpretado — afirmou o presidente da Stara.