AMAZONAS

Mulher de líder de facção também se encontrou com deputados governistas

André Janones e Guilherme Boulos disseram que, apesar de terem registros ao lado de Luciane Farias, não possuem qualquer vínculo com ela

Janones ao lado de Luciane Barbosa Farias (D) , conhecida como Dama do TráficoJanones ao lado de Luciane Barbosa Farias (D) , conhecida como Dama do Tráfico - Foto: reprodução

Luciane Barbosa Farias, mais conhecida como a "dama do tráfico amazonense", se encontrou e posou ao lado de parlamentares governistas neste ano. Nesta segunda-feira, deputados como André Janones (Avante-MG) e Guilherme Boulos (PSOL-SP) foram às redes sociais para esclarecer que apesar de terem registros ao lado da mulher de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, líder da facção Comando Vermelho no Amazonas, não possuem qualquer vínculo com ela. As manifestações ocorreram depois de o jornal "O Estado de S.Paulo" revelar que Luciane esteve no Ministério da Justiça em duas ocasiões com secretários do ministro Flávio Dino, mas seu nome não foi registrado na agenda oficial.

Janones postou a foto que circula desde o início da manhã, na qual posou ao lado de Luciane. O registro foi usado por opositores para associá-lo ao crime organizado. O parlamentar confirmou que ela foi recebida em seu gabinete, mas negou qualquer outro tipo de vínculo.

"Eu quero deixar claro que a Câmara é aberta para visitas, é a casa do povo. Eu atendo a todos que chegam no meu gabinete ou me encontram nos corredores, sem distinção, uma vez que a segurança e a identificação é feita pela polícia da Câmara, não por mim. Naquele 16 de março, foram em meu gabinete diversas mulheres que se apresentaram como representantes de associações civis em defesa dos direitos humanos, bem como duas mães que tiveram os filhos vítimas de crimes e aguardam por Justiça. Eu não tenho absolutamente nada a esconder. Então, eu mesmo deixo a foto aqui pra vocês e reforço: a câmara é a casa de vocês, são todos bem vindos e caso me encontrem, fiquem à vontade pra pedir foto", afirmou.

Através da sua assessoria, Boulos afirmou não conhecer a "dama do tráfico amazonense" e disse ser impossível levantar o histórico de cada uma das pessoas com as quais se encontra e é fotografado diariamente.

"O deputado foi abordado no Salão Verde da Câmara por duas mulheres, que se apresentaram como representantes do Instituto Liberdade do Amazonas, que pediram para apresentar suas demandas. O deputado, então, ouviu as demandas no próprio Salão Verde, que é uma área de livre circulação. Segundo o relato delas na ocasião, o instituto atua em defesa dos direitos humanos e denuncia torturas em presídios da região norte do país. A pedido delas, o deputado também posou para fotos - como faz diariamente com dezenas de pessoas. Demandas como essa são apresentadas presencialmente todos os dias aos parlamentares por pessoas de todo o Brasil, o que impossibilita que se saiba com antecedência o histórico ou as ligações de cada uma delas", disse por meio de um comunicado.

Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, cumpre 31 anos no presídio de Tefé, no estado. Luciane também foi sentenciada a dez anos, mas responde em liberdade.

Com a divulgação, o nome da facção criminosa e o termo "Ministério da Justiça" chegaram aos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter), e recebeu o repúdio de nomes como o do ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten.

Em postagem, o bolsonarista aproveitou para incluir Boulos nesta história. Isto porque Luciane é presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma ONG que em tese defende os direitos dos presos. Contudo, de acordo com o Estadão, que obteve acesso a um inquérito da Polícia Civil, a organização também seria financiada pelo dinheiro do tráfico.

Em 4 de maio, Boulos se reuniu com a associação fundada por Luciane. "A Associação Instituto Liberdade do Amazonas -ILA em nome de todos seus associados agradece a oportunidade de ser recebida e ouvida com toda atenção e solidariedade a nossa pauta. Muito obrigado", escreveu a ONG nas redes sociais.

Neste contexto, Fabio Wajngarten questionou o que teria sido discutido no que chamou de "encontro cabuloso". "Boulos, o candidato à Prefeito da maior cidade do país também esteve reunido com a suposta representante da facção criminosa?", afirmou. Nikolas Ferreira (PL-MG) compartilhou imagens da dama do tráfico com Boulos e André Janones (Avante-MG), mas também ironizou: "Alguém sabe quem é essa mulher?" e "alguém conhece essa mulher?".

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