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CPI Covid

Mulher de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, chega para depor na Polícia Federal

De acordo com as investigações, tenente-coronel é suspeito de inserção de dados falsos sobre vacinação de Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde

O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ajudante de ordens, Mauro Cid O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ajudante de ordens, Mauro Cid  - Foto: Reprodução/Alan Santos/PR/Divulgação

Gabriela Santiago Ribeiro Cid, mulher do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, preso por suspeita de inserção de dados falsos sobre vacinação de Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde, chegou para prestar depoimento na sede da Polícia Federal, na tarde desta sexta-feira. Assim como o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ela foi alvo de uma busca e apreensão e é investigada no inquérito que apura também os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa e corrupção de menores.

Na tarde de ontem, Mauro Cid deixou pela primeira vez em duas semanas a cela que ocupa no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB). Em um comboio, ele foi levado para prestar depoimento na PF, mas optou por ficar em silêncio.

Na oitiva, Gabriela deverá ser questionada sobre a inserção de informações fraudadas acerca de sua imunização, de seu marido, das três filhas do casal, além de Bolsonaro e de sua filha Laura. As investigações apontaram que Mauro Cid teria emitido os respectivos certificados e os utilizado para, por exemplo, embarcar com a família para destinos internacionais, como os Estados Unidos.

De acordo com a PF, a análise das mensagens de WhatsApp, decorrentes da quebra de sigilo telemático, “reforça os indícios de novas inserções de dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde”. As conversas demonstraram que as filhas de Cid realizavam “atividades cotidianas” em Brasília nas datas em que seus cartões vacinação registraram as doses contra a doença em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. 

“Inicialmente causou estranheza o fato de as filhas de MAURO CID terem sido vacinadas na cidade de Duque de Caxias/RJ, pois MAURO CID e sua família residem desde o ano de 2020 até a presente data na cidade de Brasília/DF. Os dados inseridos nos sistemas do Ministério da Saúde, informam que MAURO CID e suas filhas tomaram três doses de vacina contra a Covid-19, nas datas de 22/06/2021 (terça-feira), 08/09/2021 (quarta-feira) e 19/11/2021 (sexta-feira), no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias/RJ, sendo as duas primeiras doses da fabricante PFIZER e a terceira da fabricante JANSSEN”, informa um relatório.

Gabriela também pode ser questionada sobre a inserção de dados falsos nos cartões de vacinação de Bolsonaro e Laura. O inquérito aponta que um perfil associado aos dados do ex-presidente foi conectado ao aplicativo ConecteSUS por pelo menos quatro vezes desde dezembro do ano passado - a última delas às 8h15 de 14 de março. Segundo os investigadores, até 22 daquele mês, a conta era administrada pelo ex-ajudante de ordens.

A partir dessa data, o cadastro da conta de Bolsonaro foi alterado para um e-mail de Marcelo Costa Câmara, então assessor especial e quem o acompanhou em sua estadia na cidade de Orlando, nos Estados Unidos. “A alteração cadastral foi realizada a partir do mesmo endereço de IP utilizado para emitir o certificado de vacinação ideologicamente falso, com registro no Palácio do Planalto”, frisou a PF.

Em depoimento, na última terça-feira, o ex-presidente negou ter conhecimento da inserção de dados falsos de vacinação em seu nome e no de familiares. Ele também afirmou não ter determinado a inclusão das informações nos sistemas de saúde por não ter motivos para isso e disse não acreditar que Mauro Cid tenha arquitetado o esquema criminoso.

Os investigadores também podem perguntar a mulher de Cid sobre os conteúdos extraídos de telefone celular do marido que revelam suposto planejamento e tentativa de golpe de estado. Na perícia feita em mensagens contidas no aparelho e também na nuvem, há conversas dele com outros militares sobre o assunto.

Gabriela também pode ser questionada sobre a origem de U$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie encontrados pelos agentes em sua casa e ainda uma remessa de dinheiro que teria sido feita pelo ex-ajudante de ordens para fora do país.

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