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Rio de Janeiro

Na filiação de Anielle Franco ao PT, Lula descarta ministra como vice de Paes

"Tentaram calar a minha irmã, mas a gente ressurgiu e ressignificou esse lugar", discursou titular da Igualdade Racial, em referência à morte de Marielle Franco, ao discursar no Circo Voador

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do BrasilLuiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil - Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou, nesta terça-feira (2), a hipótese de que Anielle Franco seja candidata a vice na chapa do prefeito Eduardo Paes (PSD), que disputará a reeleição no Rio de Janeiro este ano. A declaração aconteceu no evento de filiação da ministra da Igualdade Racial ao PT, no Circo Voador, na Lapa, região central da cidade.

O partido do presidente mira a dobradinha com Paes, que, no entanto, demonstra preferência por nomes do próprio PSD, como o deputado federal Pedro Paulo, seu antigo aliado.

Anielle chegou a ser vista como uma aposta pessoal de Lula e da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, para a disputa, mas petistas fluminenses influentes resistiam ao nome da ministra.

— A Anielle tem uma coisa nova, pode construir uma perspectiva política muito importante no estado do Rio. Eu vou falar por ela sem consultá-la antes. Eu tenho certeza de que ela não tem nenhuma pretensão de disputar nenhum cargo em 2024. Mas, quando chegar perto do final do governo, tem eleição em 2026. Aí, pode dar um mexerico nela de querer ser candidata a alguma coisa, então é melhor começar a se preparar antes.

Além de Lula e de Janja, participaram do ato de filiação de Anielle a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o vice-presidente nacional Washington Quaquá, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o secretário-geral da Presidência, Márcio Macêdo, e o presidente da Embratur, Marcelo Freixo. O evento também foi prestigiado por petistas que compõem o secretariado de Paes: Adilson Pires (Assistência Social) e Tainá de Paula (Meio Ambiente), que também foi cogitada pelo PT para ocupar a vice de Paes. Ainda estiveram no palco os prefeitos de Maricá, Fabiano Horta, e de Japeri, Fernanda Oitiveiros.

A ministra da Igualdade Racial sentou-se ao lado dos pais, Antônio e Marinete Franco, e de Luyara, filha de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. Ao discursar, Anielle relembrou o crime:

— Eu não vou mudar para caber dentro da política — afirmou a ministra. — Tentaram calar a minha irmã, mas a gente ressurgiu e ressignificou esse lugar. Eu estou em casa no PT.

O evento de filiação começou com uma apresentação da Estação Primeira de Mangueira com o samba-enredo "Histórias para ninar gente grande", feito em homenagem a Marielle. Em outro momento, a cantora Maria Rita subiu ao palco para cantar e prestigiar a ministra.

Agendas no Rio
De olho nas eleições municipais fluminenses, o presidente cumpriu agenda pela manhã com o prefeito Eduardo Paes (PSD). O petista participou de cerimônia de entrega do Impa Tech, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada. No evento, Lula disse que se o país não investir em educação, ia entregar os jovens para o crime organizado.

Lula também afirmou que o Brasil vive um momento de fake news e negacionismo, o que, em sua avaliação, justifica um maior investimento em educação.

— O momento que estamos vivendo é um momento delicado na história do Brasil. Eu tenho 78 anos e nunca vi um momento de negaciniosmo, de ódio, de fake news, nesse país. Se a gente não investir em educação, vamos dar dinheiro para o negacionismo, para o crime organizado e fake news — acrescentou.

Mais tarde, o presidente cruzou a ponte Rio-Niterói e cumpriu agenda na cidade vizinha ao Rio, em gesto de apoio ao pré-candidato à prefeitura Rodrigo Neves (PDT). Lula participou da inauguração de obras de dragagem no Canal do São Francisco.

Durante o evento, Lula voltou a criticar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), falando que o "país estava desmontado":

— Não tinha mais Ministério da Pesca, Ministério de Portos e Aeroportos, Ministério da Cultura, e os que tinham, não funcionavam. Não funcionavam porque passamos quatro anos que, ao invés de governança, a gente tinha mentira. Ao invés de empregos, a gente tinha mentira. Ao invés de saúde, a gente tinha mentira.

Na eleição de 2022, Niterói foi o único município da Região Metropolitana em que o petista derrotou o então presidente Jair Bolsonaro (PL). E o fez nos dois turnos.

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