Na mira do STF e convocado para depor à CPI, Anderson Torres completa um mês na prisão
Interlocutores de ex-ministro apontam que o pior momento se deu na primeira semana de cárcere
Na mira do Supremo Tribunal Federal (STF) e de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres completou um mês na prisão nessa terça (14). Ele se entregou no dia 14 de janeiro e, desde então, permanece encarcerado numa sala especial do 4º Batalhão da Polícia Militar, em Brasília, suspeito de ter sido leniente com os ataques às sedes dos Três Poderes ocorridos em 8 de janeiro.
Interlocutores de Torres, que também foi ministro da Justiça durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, apontam que o pior momento se deu na primeira semana de prisão. De acordo com essas pessoas, naquele período, o ex-secretário estava visivelmente "abalado" e "angustiado". A partir de então, dizem, ele passou a se concentrar na própria defesa e tem se mostrado mais esperançoso.
Anderson Torres tem um encontro marcado com os parlamentares da CPI instaurada na Câmara Legislativa para investigar os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ontem, o colegiado aprovou a convocação do secretário para prestar esclarecimentos no dia 9 de março. Os deputados distritais também quebraram os sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do ex-ministro. Os advogados dele alegam, porém, não terem sido notificados sobre a oitiva.
Presidente da comissão, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) afirma que a CPI deve apurar as motivações para o governador do DF, que está afastado do cargo, Ibaneis Rocha, ter nomeado Torres secretario depois que ele deixou o governo federal. Assim como Torres, Ibaneis é investigado por suspeita de omissão e leniência na contenção dos atos antidemocráticos.
— Nós alertamos que o governador não deveria ter nomeado escolhido Anderson Torres, mas ele fez. Agora, nós queremos investigar efetivamente o que aconteceu, por que e para que que ele foi nomeado — resumiu o deputado.
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Embora fosse a maior autoridade da área de segurança do DF, Anderson Torres não estava na capital no dia 8 de janeiro. Ele havia viajado em férias para os Estados Unidos. Dias depois, a prisão dele foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, que também apura as responsabilidades relativas às invasões às sedes dos Três Poderes.
A situação de Torres se complicou durante uma operação de busca e apreensão feita pela Polícia Federal na casa dele, Brasília, no dia 10 do mês passado. Os agentes encontraram a minuta de um decreto presidencial que estabelecia uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que fosse revisado o resultado da eleição presidencial, em que Luiz Inácio Lula da Silva saiu derrotado.
A defesa alega que o papel não tem qualquer valor legal e que ele foi entregue a Torres na época em que ele era ministro. Afirma ainda que o esboço de documento seria destruído. A respeito dos atos do dia 8, os advogados de Torres argumentam que ele jamais se omitiu e que deixou o país porque suas férias já estavam agendadas previamente.