Na ofensiva contra Moro, Bolsonaro diz que maioria da Lava-Jato votou em Haddad em 2018
Presidente também voltou a acusar Deltan Dallagnol de tentar interferir em escolha para PGR
O presidente Jair Bolsonaro manteve nesta quarta-feira (15) os ataques a ex-integrantes da Operação Lava-Jato. Bolsonaro afirmou que mensagens mostrariam que a maioria do "pessoal da Lava-Jato" teria votado em Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições de 2018. O presidente, contudo, não apresentou as conversar que comprovariam isso.
As críticas à Lava-Jato fazem parte da estratégia de Bolsonaro para desgastar o ex-juiz Sergio Moro, hoje é pré-candidato à Presidência pelo Podemos.
Leia também
• Ciro após Justiça determinar quebra de sigilo: 'Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial'
• Bolsonaro indica relator do 5G para presidência da Anatel
• Ipec: Lula tem 48% das intenções de voto; Bolsonaro aparece com 21% e Moro, com 6%
"Você sabia que no segundo turno a maioria do pessoal da Lava-Jato votou no Haddad? Nada contra, direito deles. Mas não é o pessoal que estava combatendo a corrupção, do PT? E está lá na troca de mensagens. Hipocrisia, não. Isso aí é falta de caráter " disse Bolsonaro, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.
Entretanto, trocas de mensagens entre procuradores da Lava-Jato publicadas em 2019 pelo site "The Intercept Brasil" indicam que os integrantes da operação manifestaram preocupação com o retorno do PT.
Ex-coordenado da força-tarefa da Lava-Jato, o procurador da República aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima disse em entrevista ao "Uol" que "houve procuradores que votaram em Haddad", mas relatou ter votado em Bolsonaro no segundo turno.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro manteve ataques a outro ex-coordenador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, que na semana passada se filiou ao Podemos, em uma cerimônia ao lado de Moro.
Bolsonaro disse que Dallagnol e outro procurador, Vladimir Aras, tentaram influenciar na escolha do procurador-geral da República, em 2019, por meio do pastor da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
De acordo com o presidente, a informação estaria em troca de mensagens entre os dois, mas as supostas conversas também não foram apresentadas.
"Sabe o que o Vladimir Aras e o Dallagnol queriam? Via minha esposa, colocar o nome na PGR, de interesses deles, da Lava-Jato".
No domingo, Bolsonaro publicou vídeo afirmando que Moro e Dallagnol articulam "jogo de poder" contra seu governo. O presidente disse que rejeitou uma audiência com o procurador em 2019. Depois, Dallagnol compartilhou declarações do próprio presidente afirmando que ele nunca havia lhe procurado.