'Não estou doente, o presidente não pediu meu cargo, mas o entregarei assim que pedir', diz Pazuello
O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou, neste domingo (14), que não está com problemas de saúde e que, por ora, continua chefiando a pasta.
"Não estou doente, o presidente não pediu o meu cargo, mas o entregarei assim que o presidente pedir. Sigo como ministro da saúde no combate ao coronavírus e salvando mais vidas", afirmou, em declaração distribuída por assessores do ministro.
Segundo o jornal O Globo, o ministro Pazuello pediu para sair alegando problemas de saúde. A Folha confirmou que Pazuello disse a Bolsonaro ter problemas cardíacos e que não se recuperou 100% das sequelas da Covid-19, doença que contraiu em outubro.
Pressionado pelo agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro busca um substituto para o lugar do general Eduardo Pazuello. Caso a troca se confirme, o país terá seu quarto ministro em pouco mais de 12 meses de pandemia.
Conforme informou a coluna de Monica Bergamo, a cardiologista Ludhmila Hajjar, do Incor e da rede de hospitais Vila Nova Star, esteve em Brasília neste domingo para conversar com o presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de assumir a pasta. Ele tem apoio de líderes do chamado "centrão".
O chamado "centrão" redobrou a pressão sobre Bolsonaro pela saída do general e quer indicar alguém ao cargo. O governo entendeu o recado e, na noite de sábado (13), o presidente e ministros militares foram ao encontro de Pazuello para discutir a situação.
A cobrança se dá no momento em que a escalada da pandemia assume velocidade inédita no país. No sábado (13), o Brasil registrou o 15º dia seguido de recorde da média de mortes em sete dias, 1.824 e o 52º consecutivo com o patamar de mortes acima de mil por dia.
Na quarta (10), o consórcio de veículos de imprensa formado por Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 aferiu, com as secretarias estaduais de saúde, o recorde de registros de óbito em 24h de toda a pandemia: 2.349, número que extrapola em mortes todas as tragédias brasileiras.
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Ainda no início da tarde deste domingo (14), parlamentares diziam não saber se a troca aconteceria agora ou em 15 dias, devido a uma expectativa repassada a eles de que a curva de mortes diminua. Não há, contudo, nenhum indício de que isso vá ocorrer –pelo contrário.
Com a pandemia se agravando pelo país, Bolsonaro tem dando uma guinada em seu discurso, agora a favor da vacina –o que fez do ministro, cuja pasta errou entregas de doses para os estados e que só nos oito primeiros dias neste mês reduziu cinco vezes as previsões de vacinas, um telhado de vidro.
Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada no sábado, o presidente do conselho que reúne os secretários estaduais de saúde, Carlos Lula, afirmou que ele e os colegas perderam a paciência com o general. Os estados enfrentam um cenário de colapso hospitalar em curso ou iminente, com a explosão de internações e mortes de norte a sul do país.
Pesa também no cálculo do entorno de Bolsonaro o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao jogo político. Para parlamentares, este novo cenário serviu como catalisador da mudança de postura de Bolsonaro.