"Não podemos dar uma de Bambam contra Popó", afirma Moraes, do STF, sobre defesa da democracia
Magistrado se refere à "luta relâmpago" de 36 segundos entre o ex-BBB e o boxeador no sábado passado
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou nesta segunda-feira que o Brasil "não pode baixar a guarda" e "dar uma de Bambam contra Popó" em relação à proteção da democracia. O magistrado se refere à "luta relâmpago" de 36 segundos entre o ex-BBB e o boxeador, no sábado passado. Em palestra de abertura do ano letivo na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), Moraes também argumentou que a sociedade não pode “cair no discurso fácil de que regulamentar as redes [sociais] é atacar liberdade de expressão”.
— Nós não podemos nos enganar. Nós não podemos baixar a guarda... Não podemos dar uma de [Kleber] Bambam contra Popó – que durou 36 segundos. Nós temos que ficar alertas e fortalecer a democracia. Fortalecer as instituições e regulamentar o que precisa ser regulamentado — disse Moraes.
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O ministro falou também sobre o panorama mundial de ataques à democracia. Segundo Moraes, o "manual do ditador" tem como estratégia ataques à imprensa e às eleições.
— Em alguns países, os extremistas, quando chegam ao poder, atacam os pilares da democracia. (…) [Atacam] a imprensa livre – emparelhando as notícias verdadeiras com as fraudulentas, colocam em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral e, agora, não podem deixar aqueles que têm o papel de garantir o Estado democrático de Direito, não podem deixar que eles tenham independência. Isso foi feito em todos os países onde esse mecanismo de extremismo surgiu — afirmou.
Na palestra, o magistrado defendeu a responsabilização das empresas de tecnologia – as chamadas big techs (como Google e Meta) nos crimes cometidos pela internet – e defendeu que a regulamentação das redes sociais é parte do sistema democrático
– Nós não podemos cair nesse discurso fácil, de que regulamentar as redes sociais é ser contra a liberdade de expressão. Isso é um discurso mentiroso e pretende propagar e continuar propagando o discurso de ódio, a lavagem cerebral que é feita em milhões e milhões de pessoas – argumentou.