Nas mãos de Alcolumbre, Moro e Flávio Bolsonaro: a sabatina de Zanin na CCJ após indicação de Lula
Presidente do Senado Rodrigo Pacheco afirmou nesta quinta-feira que Lula irá formalizar escolha pelo advogado
O presidente Lula (PT) deve indicar nesta quinta-feira o advogado Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista à Globonews, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco confirmou que a formalização ocorrerá hoje.
Para ser nomeado ministro, Zanin agora passará por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. Nesta rodada, o advogado ficará de frente com o presidente do colegiado Davi Alcolumbre (União-AP) e adversários de Lula de longa data, como Sergio Moro (União-PR) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Ao ser questionado pelo Metrópoles sobre a indicação de Zanin, no entanto, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, apesar de não crer na imparcialidade, a nomeação de um advogado seria positiva por, normalmente, esses profissionais terem "sensibilidade na hora de formar um juízo de valor".
A CCJ tem 27 titulares e é presidida por Alcolumbre. Eduardo Braga (MDB-AM) é cotado para a relatoria da indicação. Braga chegou a ser cotado para relatar a CPI do dia 8 de janeiro, mas, às vésperas, desistiu de participar do colegiado. Em seu segundo mandato consecutivo, chegou a participar de outras sabatinas, como a do ministro André Mendonça, indicado por Bolsonaro.
Uma parte expressiva das cadeiras é ocupada pela oposição ao governo. Além de Moro e Flávio, Marcos do Val (Podemos-ES), Magno Malta (PL-ES), Eduardo Girão (NOVO-CE) e Ciro Nogueira (PP-PI) são outros nomes que integram a comissão e participarão da sabatina de Zanin.
Entre os aliados de Lula, Fabiano Contarato (PT-ES) e Eliziane Gama (PSD-MA) podem fazer a diferença. Após o parecer da CCJ, o nome de Zanin será julgado pelo plenário da Casa e precisa ser aprovado com maior absoluta, ou seja, ao menos 42 votos.
Historicamente, o Senado aprova as indicações dos presidentes, mas em algumas ocasiões houveram demoras. André Mendonça, por exemplo, aguardou 141 dias para ser aprovado pelo Senado. O mesmo cenário ocorreu em 2015 quando Dilma Rousseff (PT) indicou o ministro Edson Fachin e a sabatina foi adiada duas vezes.
O acordo com o Planalto, desta vez, é que Zanin seja sabatinado já na próxima semana para que seja nomeado à Corte sem delongas.
Quem é Zanin
Formado pela PUC-SP, o advogado foi o autor, em 2021, do pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) que resultou na anulação das condenações de Lula, após a Corte ter reconhecido a incompetência e parcialidade do então juiz Sergio Moro. A anulação das sentenças restaurou os direitos políticos de Lula — que ficou preso por 580 dias —, o que possibilitou a candidatura nas eleições de 2022, em que foi eleito presidente da República pela terceira vez.
Natural de Piracicaba, no interior de São Paulo, Zanin e sua esposa, Valeska Teixeira Zanin Martins, atuam na defesa de Lula desde 2013 e respondem pelo presidente em basicamente todos os processos criminais contra ele. Após a operação Lava-Jato, o advogado fez a representação jurídica da campanha eleitoral do petista no ano passado e participou da transição do governo, quando ficou responsável pela área de "cooperação jurídica internacional".
Por ser advogado de Lula, Cristiano Zanin e a família foram algumas vezes hostilizados em lugares públicos. A última vez foi em 11 de janeiro, três dias após os atos golpistas em Brasília, ele foi ameaçado por um homem em um banheiro no Aeroporto de Brasília. O agressor gravou toda a cena, colocou nas redes sociais e, posteriormente, foi indiciado pela Polícia Civil do DF por três crimes.
Os titulares da CCJ que estarão na sabatina:
Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) – presidente
Sergio Moro (União Brasil-PR)
Marcio Bittar (União Brasil-AC)
Eduardo Braga (MDB-AM)
Renan Calheiros (MDB-AL)
Jader Barbalho (MDB-PA)
Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
Marcos do Val (Podemos-ES)
Weverton (PDT-MA)
Plínio Valério (PSDB-AM)
Omar Aziz (PSD-AM)
Angelo Coronel (PSD-BA)
Otto Alencar (PSD-BA)
Eliziane Gama (PSD-MA)
Lucas Barreto (PSD-AP)
Fabiano Contarato (PT-ES)
Rogério Carvalho (PT-SE)
Augusta Brito (PT-CE)
Ana Paula Lobato (PSB-MA)
Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
Carlos Portinho (PL-RJ)
Magno Malta (PL-ES)
Eduardo Girão (Novo-CE)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Esperidião Amin (PP-SC)
Mecias de Jesus (Republicanos-RR)