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Política

No aniversário do golpe militar, Bolsonaro volta a atacar ministros do STF: 'Cala a boca'

'Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cala a boca. Bota a sua toga e fica aí, sem encher o saco dos outros', disse o presidente em evento no Planalto

O presidente Jair BolsonaroO presidente Jair Bolsonaro - Foto: Evaristo Sá/AFP

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O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (31). Ele pediu que algumas pessoas não atrapalhem, coloquem suas togas e parem de "encher o saco". Sem citar nomes, também fez referências ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que tem o próprio Bolsonaro e apoiadores como alvos, e à ministra Rosa Weber, que rejeitou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para arquivar um inquérito em que o presidente é investigado por prevaricação. Para Bolsonaro, Moraes "deve ser um desocupado".

"Nós aqui temos tudo para sermos uma grande nação, para sermos exemplos para o mundo. O que que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cala a boca. Bota a sua toga e fica aí, sem encher o saco dos outros", disse Bolsonaro em cerimônia de troca de ministros no Palácio do Planalto.

Ele atacou especificamente Moraes:

"Um ministro que não tem o que fazer, deve ser um desocupado, fica o tempo todo me processando. Alguém que nunca fez nada de útil para a sociedade de repente processa o deputado, ou melhor — o deputado também, né — o presidente. O que quer com isso? O que ajuda o Brasil? Olha os problemas que o nosso povo tem", disse.

O deputado é Daniel Silveira (União Brasil-RJ), que estava presente na cerimônia e vinha resistindo a uma ordem de Moraes para colocar uma tornozeleira eletrônica. Aliado de Bolsonaro, Silveira se tornou alvo de um processo no STF. Ele é réu acusado de agressões verbais e ameaças a ministros da Corte para favorecer interesse próprio, de incitar a violência para impedir o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário, e de incitar a animosidade entre as Forças Armadas e o STF.

Outra ministra criticada por Bolsonaro foi Rosa Weber. Ela rejeitou um pedido do procurador-geral da República Augusto Aras para arquivar o inquérito sobre suspeita de prevaricação do presidente Jair Bolsonaro envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin. Rosa Weber determinou a devolução do processo para uma nova análise de Aras a respeito das provas colhidas. É a primeira vez que um ministro do STF reverte um arquivamento solicitado por Aras em relação a Bolsonaro. A Polícia Federal também havia descartado a prática de crimes do presidente.

"Agora esses dias, a PF diz que eu não tenho nada a ver, e a Saúde, com uma vacina que não foi comprada, não foi gasto um real. Mas uma ministra: não, eu não vou arquivar. Isso é passível de detenção do presidente. O que essas pessoas querem? O que têm na cabeça? O que essas pessoas ajudam o Brasil?", disse Bolsonaro.

Ele também falou de inimigos que "habitam essa região dos três poderes":

"A democracia e a liberdade é uma batalha. Deste governo, imprensa brasileira, vocês nunca ouviram uma palavra de censura à mídia, de controle social, de desmonetizar página de pessoas que pensam diferente do presidente. Temos inimigos sim. São poucos inimigos de todos nós aqui no Brasil. E habitam essa região dos três poderes. Esses poucos podem muito, mas não podem tudo", afirmou.

A cerimônia no Planalto ocorreu no aniversário de 58 anos do golpe de 1964, que implantou uma ditadura militar no Brasil. Defensor do regime que durou até 1985, Bolsonaro elogiou os presidentes militares.

"O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada, seria uma republiqueta. O que seria da Agricultura sem Geisel ter mandado [o ministro da Agricultura] Alysson Paulinelli enviar para fora do Brasil jovens a estudar agricultura? Hoje somos essa potência do agronegócio. O que seria da Amazônia sem Castelo Branco criar a Zona Franca de Manaus? Já teríamos perdido a Amazônia. É uma luta da verdade contra mentira, da história contra a estória, do bem contra o mal. E o Brasil resistiu. Obras fantásticas. O desbravamento do Centro-Oeste. O que seria do nosso mar territorial sem Médici ampliar de 12 para 200 milhas? O que seria da nossa Força Aérea sem a criação da Embraer? Brasileiros fantásticos à frente desses projetos", disse Bolsonaro.

Com o golpe, o então presidente João Goulart fugiu do país, sem oferecer resistência armada. Assim, na avaliação de Bolsonaro, o que houve foi uma vacância do cargo que foi preenchida normalmente.

"Hoje são 31 de março. O que aconteceu nesse dia? Nada. A história não registra nenhum presidente da República tendo perdido o mandato nesse dia. Então para que a mentira? A quem ela se presta? O Congresso Nacional no dia 2 de abril de 64 votou pela vacância de João Goulart, com voto inclusive de Ulysses Guimarães. Quem assumiu o governo nesse dia? Não foi nenhum militar. Foi um deputado federal, o presidente da Câmara, de nome Ranieri Mazzilli. Por que omitir isso? Que aconteceu em 11 de abril de 64? Eleições indiretas no Congresso Nacional, à luz da Constituição de 1946. E ali com o voto também de Ulysses Guimarães, o Congresso, com quase 100% dos presentes, elegeu o marechal Castelo Branco como presidente da República à luz da Constituição de 1946. E ele só tomou posse no dia 15 de abril de 64. E prosseguiu a história", disse Bolsonaro.

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