No rastro dos votos de Flordelis, partidos cobiçam cantoras gospel para chapas na eleição
Alguns nomes da música são citados como sonhos de partidos que acreditam na migração imediata de votos, já que Flordelis também era cantora
Sucessos comerciais e populares entre os evangélicos, cantores gospel estão sendo cobiçados por partidos políticos para as eleições deste ano. No Rio, nomes ligados à música religiosa disputarão o espólio eleitoral da ex-deputada federal Flordelis, que teve o mandato cassado pela Câmara, no ano passado, e responde na Justiça pela acusação de ser mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo. Em 2018 ela recebeu 196.959 votos.
Alguns nomes da música são citados como sonhos de partidos que acreditam na migração imediata de votos, já que Flordelis também era cantora. É o caso de Fernanda Brum, cortejada por várias siglas.
Líder do Ministério Profetizando às Nações, ao lado do marido Emerson Pinheiro, Fernanda Brum já vendeu mais de 6 milhões de cópias de seus álbuns e é considerada um fenômeno do segmento, com apelo entre os seguidores do evangelismo neopentecostal.
Oficialmente, a cantora nega a possibilidade de uma candidatura. Pessoas próximas, no entanto, afirmam que ela ainda estuda os convites e teria ficado animada com as projeções que mostram uma estimativa de até 150 mil votos para a Câmara.
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Com perfil ainda mais parecido com o de Flordelis, por ser pentecostal, a cantora Andrea Fontes é tida como a principal candidata do PL para garantir os votos deixados em aberto com a prisão da ex-deputada. Andrea também teve passagem pela gravadora MK Music, na qual Flordelis construiu boa parte da sua carreira, apadrinhada pelo ex-senador Arolde de Oliveira, morto em 2020.
Líder da bancada evangélica na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (União-RJ) considera a estratégia adotada por diferentes partidos “acertada”:
— É importante lembrar que existem quase 200 mil eleitores do segmento evangélico que apostaram na Flordelis e vão procurar outras referências, possivelmente, parecidas com aquele voto dado em 2018. É claro que alguns desses eleitores vão fazer outras opções, mas os artistas têm carisma, expressam valores com os quais os evangélicos se afinam e têm o poder de congregar pessoas em torno das suas ideias.
Convidada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, a cantora Shirley Carvalhaes concorrerá à Câmara pelo PSD. Como antecipado pela colunista Berenice Seara, do Extra, a artista se filiará ao partido no próximo dia 13 e, acreditam líderes da legenda, pode amealhar cem mil votos. Em 2010, a cantora pentecostal foi candidata a deputada federal por Pernambuco, mas obteve pouco mais de 20 mil votos, não conseguindo se eleger.
Shirley, que chegou a declarar apoio público a Flordelis depois da morte de Anderson do Carmo, rompeu com a então colega de gravadora e apagou todos os registros a seu lado, quando as investigações a apontaram como mentora do crime. Na avaliação de pessoas ligadas ao segmento evangélico, o fato dela já ter se divorciado pode afastar parte do eleitorado conservador.
Outros artistas gospel são apontados como possíveis candidatos à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Para os partidos, eles podem receber votos em dobradinha com candidatos à Câmara Federal. É o caso do cantor Sérgio Lopes, que é popular em segmentos mais tradicionais do evangelismo, como as igrejas batistas e presbiterianas. Candidato a vereador em Teresópolis, em 2020, ele não obteve votos suficientes. A cantora Beatriz também voltará às urnas.Em 2020 ela se candidatou a vereadora, no Rio, sem sucesso.
Sobrinha do ex-deputado federal Mattos Nascimento, a cantora Gisele Nascimento aposta na associação com a imagem do tio. Não está definido ainda se a sua candidatura seria para a Câmara ou para a Alerj.
Até mesmo quem não faz parte do meio artístico tenta capitalizar a herança política de Flordelis. Amiga e braço-direito da ex-deputada na Câmara, Paula Neves de Barros, a Paula do Vôlei, deve ser candidata nesta eleição, sustentando que a prisão de Flordelis faria parte de uma conspiração. Paula já fracassou uma vez na tentativa de uma vaga na Câmara Municipal.