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No Rio, ministra alemã comenta declaração de Lula sobre ataques israelenses em Gaza

Annalena Baerbock defendeu que a garantia da segurança de civis, tanto israelenses quanto palestinos, é essencial para que se chegar à paz no conflito no Oriente Médio

Ministra alemã das Relações Exteriores Annalena Baerbock  Foto: LUIS ACOSTA / AFPMinistra alemã das Relações Exteriores Annalena Baerbock Foto: LUIS ACOSTA / AFP - Foto: Luis Acosta/AFP

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, comentou nesta quarta-feira as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que comparou as mortes de palestinos em Gaza à matança de judeus na Alemanha nazista de Adolf Hitler. Em entrevista à GloboNews e ao Globo, Baerbock afirmou que “o Holocausto não pode ser comparado a nada”.

— Seis milhões de judeus foram mortos pelo meu país, por fascistas na Alemanha que deliberadamente queriam acabar com a vida humana, a vida judaica. Não apenas na Alemanha, mas em toda a Europa – destacou a ministra.

Apesar de negar a viabilidade da comparação feita pelo presidente brasileiro, Baerbock ponderou que os conflitos podem ser percebidos de formas diferentes ao redor do mundo dependendo da proximidade que as pessoas têm ou não com aquela situação.

– Claro, o que está mais próximo de nós é o que sentimos e entendemos com mais naturalidade, como vimos com a agressão russa no início dessa invasão brutal, já que tenho amigos e parentes na Ucrânia. Se eu moro na África do Sul ou no Brasil são quilômetros de distância e, em alguns casos, você não sabe realmente onde fica a Ucrânia. Assim como meus filhos, que não sabem exatamente onde ficam alguns países africanos e é por isso que é importante explicar o que aconteceu – pontuou.

Lula foi muito criticado pelas autoridades israelenses e por instituições judaicas após a declaração do último domingo, um incidente que provocou uma crise diplomática entre os dois países. Enquanto israelenses cobram uma retratação de Lula, o presidente e seus assessores chegaram a cogitar expulsar o embaixador Daniel Zonshine, que representa o governo de Benjamin Netanyahu no Brasil.

No Rio de Janeiro para as reuniões do G20, Baerbock ressaltou que é importante discutir sobre o conflito no Oriente Médio durante o evento e que a empatia com o sofrimento de civis, tanto israelenses quanto palestinos, é essencial para chegar à paz neste conflito.

— Somos seres humanos, não há sangue cristão, não há sangue judeu, não há sangue muçulmano, há apenas sangue humano, como enfatizou um sobrevivente do Holocausto de 102 anos há poucos dias na Alemanha — destacou a ministra.

Baerbock já visitou a região do conflito sete vezes desde o ataque provocado pelo Hamas em Israel no dia 7 de outubro e reforçou que há “algumas coisas que só podemos entender se tivermos conversado com as pessoas”.

– Só combateremos esse terrorismo juntos se fizermos tudo o que pudermos para garantir que essas crianças possam voltar a crescer em segurança em suas próprias casas – salientou.

A ministra reforçou o posicionamento alemão quanto ao Estado israelense, que segundo ela tem “direito de existir inegociável”, mas defendeu a necessidade de garantir a segurança de civis.

– O Hamas deve libertar os reféns e, ao mesmo tempo, a ajuda humanitária deve poder finalmente entrar em Gaza em sua totalidade. Precisamos não apenas de um cessar-fogo, mas também de um sistema de dois Estados: Israel só poderá viver em segurança se os palestinos viverem em segurança em seu próprio Estado, mas os palestinos só poderão viver em segurança se todos na região aceitarem.

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