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Política

Novo busca nomes como Moro e Deltan para frear derretimento após eleições

Partido também estuda liberar o acesso de candidatos ao fundo partidário, até então nunca usado pela sigla, que veta uso de verba pública em campanha

Deltan DallagnolDeltan Dallagnol - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Após encolher nas eleições de 2022, o partido Novo busca se firmar como um polo de oposição ao governo Lula (PT) e tenta atrair parlamentares eleitos por outras siglas. De olho inicialmente em formar um “bloco suprapartidário” que se contraponha ao petismo no Congresso, o Novo também articula filiações de opositores ao presidente especialmente no Senado, onde não há exigência de janela partidária para desfiliações.

O Novo já fez convites a parlamentares ligados ao lavajatismo, como o senador Sergio Moro (União-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), informação revelada pelo portal Metrópoles e confirmada pelo GLOBO com interlocutores do partido.

Ambos estiveram no radar do partido antes da campanha de 2022. Na semana passada, o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, viajou a Brasília para a filiação do senador Eduardo Girão (Novo-CE), que deixou o Podemos e será vice-líder da oposição no Senado no bloco com PL, PP e Republicanos.

"A agenda programática do PT é diametralmente oposta à do Novo. A vinda do senador Girão manterá firme nosso posicionamento como oposição, mas também estamos conversando com outros parlamentares para formar uma articulação suprapartidária", disse Ribeiro.

Além de Girão, o Novo procura atrair outros parlamentares, especialmente de Podemos e União Brasil, descontentes com a aproximação de seus partidos com o governo Lula. Dallagnol, que apoiou a candidatura de Marcel Van Hattem (Novo-RS) à presidência da Câmara, não pode trocar de partido até o início de 2026, sob risco de perda de mandato. Moro, procurado pelo GLOBO, negou ter intenção de trocar de sigla e disse, em nota, que “respeita o partido Novo, mas está firme no União Brasil”. A esposa de Moro, Rosangela, se elegeu deputada federal pelo União Brasil em São Paulo.

"Não tenho dúvida que a migração de outros parlamentares ocorrerá naturalmente. O Novo reviu suas estratégias, sem deixar de ser um partido com premissas bem definidas. E, com nosso bloco no Senado, partimos de uma posição forte", avaliou Girão.

Internamente, membros do Novo avaliam que a redução das bancadas no Congresso trouxe dificuldades de articulação e até de manutenção de quadros importantes, como o governador de Minas, Romeu Zema. O PL, partido com a maior bancada na Câmara, negocia a filiação de Zema, acenando com maior musculatura para uma possível candidatura presidencial em 2026.

Na tentativa de evitar uma debandada, o Novo também estuda liberar o acesso de candidatos ao fundo partidário, até então nunca usado pela sigla, que veta uso de verba pública em campanha. O partido também pediu a Zema para articular filiações de prefeitos em Minas, na contramão do que fez em 2020, quando alguns candidatos tiveram que se desfiliar para concorrer em municípios do interior, onde o Novo não quis lançar chapas.

Relação com Bolsonaro
Após oito deputados federais e 12 estaduais terem sido eleitos pelo Novo em sua primeira disputa, em 2018, as bancadas caíram para menos da metade em 2022. Sem bater a cláusula de barreira, a sigla perdeu acesso ao tempo de propaganda em rádio e TV. Em 2020, o partido teve desempenho tímido nas eleições municipais.

Ao longo da gestão Bolsonaro, a bancada do Novo mostrou alinhamento com o governo em votações na Câmara e, diferentemente da postura adotada agora em relação Lula, evitou se juntar à oposição. Em março de 2021, uma diretriz partidária que orientou oposição a Bolsonaro argumentou que “o bolsonarismo pode causar tanto mal quanto o petismo”.

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