ministro dos Transportes

Novo ministro dos Transportes, Renan Filho diz que partilha de ministérios garantirá governabilidade

Ex-governador de Alagoas e filho do senador Renan Calheiros, novo ministro é adversário político do presidente da Câmara e diz que espera correção de Arthur Lira

Renan Filho, novo ministro dos TransportesRenan Filho, novo ministro dos Transportes - Foto: divulgação

Adversário político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o novo ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou o deputado alagoano com respeito e, por isso, "espera reciprocidade”.

O PT, assim como o MDB, partido de Renan Fillho, declararam apoio à reeleição de Lira ao comando da Casa. Por outro lado, além de ver um desafeto no primeiro escalão do governo que se inicia hoje, o mandatário da Câmara não pôde indicar nenhum nome ao ministério e um de seus aliados, o deputado Elmar Nascimento (União-BA), cotado para assumir a pasta de Integração Nacional, acabou sendo rifado na reta final.

Filho mais velho do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e governador de Alagoas por dois mandatos, Renanzinho, como é conhecido, conversou com o GLOBO na sexta-feira, um dia depois de ter sido anunciado futuro titular do Ministério dos Transportes. Na entrevista, ele disse estar convicto de que a montagem da Esplanada se refletirá em “apoios e votos” no Congresso; minimizou eventuais descontentamentos de líderes do Centrão com a falta de espaço e frisou que é necessário fazer “um exercício diário” para manter a “base azeitada”.

Como responsável de uma das pastas mais estratégicas do país, Renan Filho considera as Parcerias Público-Privadas um instrumento mais eficiente do que as concessões tradicionais para melhorar as condições das rodovias do país. Ele disse ainda que vai investir “transparência e integridade “ na pasta, epicentro de escândalos durante os governos de Lula e Dilma Rousseff. Confira trechos da entrevista:

Líderes de partido de Centro não ficaram satisfeitos com o ministério formado. O MDB se saiu melhor do que os outras legendas na montagem do primeiro escalão. O senhor achou a partilha justa?

De maneira geral, eu acho que há um equilíbrio. O presidente Lula construiu um ministério capaz de garantir sustentação congressual ao governo. Sempre há uma divergência ou outra, mas o União Brasil, por exemplo, foi contemplado com três pastas, e eles esperavam receber duas (pastas importantes). O ministério das comunicações, que ficou com eles, estava previsto ir para o Partido dos Trabalhadores.

O presidente Lula tem hoje uma base de sustentação congressual mais ampla do que a que saiu das urnas. A composição ministerial vai refletir em apoios e votos. E já refletiu na PEC (da transição, que abriu espaço no orçamento para Lula cumprir promessas de campanha). O presidente já demonstrou grande capacidade de diálogo. É claro que será necessário fazer um exercício diário para que a base esteja cada vez mais azeitada.

A escolha do senhor para o ministério incomodou Arthur Lira e criou marolas durante a negociação para aprovação da PEC no Congresso. Lira será um problema para o novo governo?

O governo foi muito correto com o presidente da Câmara (o PT declarou apoio à reeleição de Lira à presidência). Eu imagino que o presidente Lula espere dele a reciprocidade de tratamento.

O que achou de tanto o PT quando o MDB, seu partido, terem declarado apoio à reeleição de Lira na Câmara?

Certamente, o governo espera reciprocidade para que a agenda de interesse nacional possa seguir sem maiores problemas no Congresso Nacional.

E o senhor acha que haverá essa reciprocidade, mesmo sem tê-lo contemplado com um ministério?

Na relação do Executivo com o Legislativo, essa é a única forma de estabelecer um critério sobre parâmetros republicanos. Com relação às nossas divergências locais, vou afastá-las porque agora eu estou trabalhando para o país inteiro. Passadas as eleições, eu acho que esse deve ser o papel de todo mundo.

Nos últimos governos do PT, o ministério dos Transportes pertencia à cota do PL e foi palco de escândalos de corrupção. O que o senhor vai fazer para evitar esses episódios?

Temos que investir cada vez mais na integridade e transparência. Eu acho que ferramentas de controle social, como discussão de política de preços e aproximação com os tribunais de contas, são as formas mais efetivas de combate à corrupção. Nós vamos avançar nessa agenda da integridade, compliance e acompanhamento de metas.

A nomeação de senadores eleitos para o ministério, como é o caso do senhor, não enfraquece a base do governo na Casa, onde o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, terá a maior bancada?

A base no Senado já é muita sólida e robusta. Tem nomes experientes. E o presidente qualificou o governo ao trazer quadros experimentados, que já tiveram oportunidade de governar (estados) e conhecem os gargalos do Brasil.

O senhor já falou em revisitar concessões e marcos regulatórios no Ministério. O que isso significa na prática?

A gente precisa promover a modernização, porque alguns contratos ficaram mal calibrados. O modelo de concessão pura, num país continental como o Brasil, tem dificuldade de ficar de pé. É importante que a gente consiga avançar mais em parcerias público-privadas.

Quais são os projetos prioritários para o senhor à frente do ministério?

Precisamos avançar com o FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), garantir melhores condições e promover a integração nacional da Ferrovia Norte-Sul, além de tirar do papel a Ferrogrão, paralisada por questões judiciais.

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