Novos caças Gripen da Força Aérea Brasileira são apresentados na Suécia
Além dos quatro caças brasileiros, foram entregues os dois primeiros da Força Aérea da Suécia
A fabricante sueca Saab entregou simbolicamente à FAB (Força Aérea Brasileira) 4 novos caças Gripen, parte do lote de 36 aeronaves comprados pelo Brasil em 2014, nesta quarta (24).
Em uma cerimônia em sua sede, em Linköping (pronuncia-se linchópin), a empresa recebeu o comandante da Força, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, e seu homólogo da Aeronáutica do país escandinavo, major-general Carl-Johan Edström.
Além dos quatro caças brasileiros, foram entregues os dois primeiros da Força Aérea da Suécia. O país comprou 60 novos Gripen. Os seis aviões são do modelo E, para um piloto –na sua encomenda, o Brasil incluiu oito bipostos, o modelo F, que está sendo desenvolvido em conjunto com a Embraer.
"Isso mostra que temos um produto maduro e que estamos cumprindo nossas obrigações contratuais", disse o presidente da Saab, Micael Johansson, em nota.
Dois dos caças irão ser embarcados em navio em dezembro, devendo chegar até o começo de 2022. Os outros dois virão no primeiro semestre.
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Todos já estão pintados com o esquema de camuflagem definitivo, em dois tons de cinza, com a matrícula e a designação da FAB no estabilizador vertical –F-39E é seu nome oficial no Brasil.
Uma vez incorporados à Base Aérea de Anápolis, que defende o coração político do país, os caças passarão por testes para receber a chamada Certificação de Tipo Militar, sendo então aptos a operar.
Já há um Gripen E no Brasil, que chegou em setembro do ano passado, mas este avião está sendo usado na campanha contínua de teste do modelo e só deve ser entregue à FAB quando a encomenda for finalizada, algo previsto para 2026.
A entrega era prevista, mas ocorre em um momento sensível para a FAB. A Força acaba de rescindir unilateralmente os termos do principal contrato que tem hoje com a Embraer, reduzindo de 28 para 15 o número de aviões de transporte multimissão KC-390 comprados também em 2014.
A decisão, segundo os militares necessária por questões orçamentárias, ocorreu porque não houve acordo entre a fabricante e a FAB. A Embraer anunciou que iria estudar medidas legais, naquela que é a maior crise entre a empresa e a Aeronáutica que a criou em 1969.
A confusão está em fase de negociações. O presidente Jair Bolsonaro tentou distensionar o clima com uma visita ao estande da empresa no Dubai Airshow, há duas semanas, mas o fato é que há insatisfação de lado a lado.
No caso do Gripen, a Embraer associou-se à Saab como parceira nacional majoritária, e irá montar o avião em sua unidade de Gavião Peixoto (SP), provavelmente na fase final da produção do lote de 36 caças.
Eles foram comprados pelo equivalente a quase R$ 25 bilhões hoje, a serem financiados por 25 anos, mas que demandam investimento federal da ordem de R$ 1 bilhão anuais neste ponto.
Assim como no caso do KC-390, já houve atrasos e redução de verbas no programa antes, mas tudo indica que a FAB está priorizando os caças.
Isso levou a questionamentos no mercado, dado que aviões de transporte e reabastecimento aéreo têm utilidade mais imediata no Brasil –como ficou provado na crise da pandemia, quando o KC-390 voou de forma quase ininterrupta com medicamentos, insumos e vacinas.
Mas os rumores no setor, não confirmados, dão conta de que a Aeronáutica poderá até anunciar a compra de um segundo lote de Gripen antes do fim do mandato de Bolsonaro, embora seja incógnita de onde sairia o dinheiro e se haveria alguma justificativa plausível, ainda mais em ano eleitoral.