investigação da PRF

Número de agentes, pontos de blitz e mudança de plano: os indícios de que a PRF atuou politicamente

Ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal foi preso nesta quarta-feira por ordem do Supremo Tribunal Federal sob suspeita de ter agido para prejudicar eleitores de Lula na eleição

EX-diretor-geral da Polícia Rodoviária Nacional, Silvinei Vasques, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro EX-diretor-geral da Polícia Rodoviária Nacional, Silvinei Vasques, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro  - Foto: Divulgação/PRF

Na representação em que pediu a prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal listou uma série de elementos que reforçam a suspeita de uso político da PRF no segundo turno da eleição. Vasques foi preso nesta quarta-feira por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para evitar interferências nos depoimentos que estão sendo tomados pelos investigadores, entre outros motivos.

Veja os fatos elencados pela PF:

Efetivo
Segundo a PF, o número de policiais rodoviários federais destacados para atuar nas rodovias em 30 de outubro de 2022, incluindo os que estariam de folga, mas foram convocados, foi muito maior no Nordeste do que nas outras regiões do país. O Nordeste é o principal reduto eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), onde o então candidato abriu a maior vantagem no primeiro turno sobre seu adversário, Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição.

Foram escalados 795 policiais rodoviários federais para atuar no Nordeste, contra 528 no Sudeste, 418 no Sul, 381 no Centro-Oeste e 230 no Norte.

Pontos de fiscalização
A PRF montou 290 pontos para abordar veículos em rodovias do Nordeste. Na sequência vieram Sudeste (191 pontos), Sul (181), Centro-Oeste (153) e Norte (96). Considerando apenas os ônibus fiscalizados no dia 30 de outubro, segundo a investigação, foram parados 324 no Nordeste contra 152 no Centro-Oeste, 79 no Sudeste, 76 no Norte e 65 no Sul.

A PF vê uma desproporcionalidade na atuação da PRF na região Nordeste e afirma que “os números são autoexplicativos”.

Mudança no planejamento
Segundo os investigadores, a PRF havia feito, em 27 de setembro de 2022, um único Plano de Trabalho que englobaria as operações do primeiro e do segundo turno das eleições. No entanto, em 26 de outubro, a quatro dias da segunda etapa da votação, o diretor-geral da corporação fez um novo Plano de Trabalho para o segundo turno.

De acordo com o inquérito da PF, “houve, portanto, diferença de procedimentos entre o 1º Turno e o 2º Turno das Eleições”.

Ordem superior
Em 25 de novembro do ano passado, Vasques foi ouvido em uma outra investigação da Polícia Federal e disse, de acordo com os investigadores do inquérito em curso, que “o número de abordagens no segundo turno foi maior porque o Ministério da Justiça fez uma operação”, e que “a operação não era da PRF, era uma operação do Ministério da Justiça”.

Esse depoimento traz para o centro da investigação o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que já ficou preso no início do ano por suspeitas de envolvimento com os atos golpistas do dia 8 de janeiro. A PRF é subordinada ao Ministério da Justiça, e Vasques sinalizou no depoimento que havia ordens superiores.

Mensagens
A PF também menciona conversas de WhatsApp trocadas entre membros da PRF, como uma de 29 de outubro em que o então coordenador de Análise de Inteligência da corporação, Adiel Alcântara, diz a um subordinado que Vasques pediu, durante uma reunião, um “policiamento direcionado” na data do segundo turno.

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