Nunes processa Boulos por danos morais após deputado dizer que prefeito "rouba" e "faz esquema"
O deputado federal do PSOL, por sua vez, pediu que o Ministério Público investigue gestão municipal por contratos com empresas ligadas ao PCC
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), processou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) por danos morais por conta de uma declaração dada pelo adversário em uma entrevista a um podcast neste mês.
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Na ocasião, Boulos afirmou que o prefeito tem "roubos claros e está aí governando". Nunes, que disputará a reeleição e terá o deputado como concorrente, pede R$ 50 mil de indenização na ação.
Boulos comentava o tema do projeto de emenda à Constituição para acabar com as saídas temporárias de presos dos presídios, que tramitava no Congresso, quando afirmou que, enquanto havia criminosos cumprindo pena de prisão, outros seguiam livres, como o prefeito de São Paulo. Também afirmou que o adversário "faz esquema com empreiteira de obra emergencial" na Prefeitura.
— É lógico que quem cometeu crime, ainda mais um crime violento, roubou, matou, estuprou, tem que ir para a cadeia. Mas isso não é cumprido por muita gente, a começar por algumas pessoas como o prefeito de São Paulo, que tem alguns roubos claros, e está aí governando — declarou.
Em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira, o prefeito disse que a atitude do adversário "pesa contra a democracia", que abrange o direito de se expressar, mas respeitando a integridade moral das pessoas.
— Chega num ponto em que a gente tem que recorrer ao Judiciário para ver se cessa isso, fazendo acusações constantes, de forma leviana. É importante ter um nível no debate. Mostrando o que fez, que pretende fazer, mas de forma nenhuma atacando — afirmou Nunes.
Nesta sexta-feira, Boulos disse que a ação da qual é alvo é direito de Nunes, mas que não está sozinho ao dizer que o prefeito "tem esquemas na prefeitura".
— Todo mundo está vendo isso, desde as armadilhas da dengue, as obras emergenciais sem licitação de quase R$ 5 bilhões, agora a lavagem de dinheiro do PCC nos contratos de ônibus. Foi essa denúncia que eu fiz. Isso aí o irritou, ele se sentiu ofendido, ele tem o direito de entrar na Justiça, mas isso não vai me intimidar — declarou.
Revide
Boulos, por sua vez, acionou nesta quinta-feira o Ministério Público de São Paulo para investigar a gestão Nunes em razão dos contratos da Prefeitura com empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Na ação, Boulos questiona a "absoluta inexistência de salvaguardas para prevenir a penetração de organizações criminosas em contratos de concessão pública na cidade e, sobretudo, a autodeclarada impotência dos atuais gestores municipais para fazer frente a essa situação degradante".
O movimento de Boulos se dá após o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do MP-SP, deflagrar uma operação contra duas organizações criminosas ligadas ao PCC que mantinham contratos de transporte público em São Paulo. As duas firmas chegaram a receber mais de R$ 800 milhões da gestão municipal em 2023, mas operam o esquema há anos.