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O que levou Cristiano Zanin ao STF? Entenda em seis pontos

Da proximidade com Lula ao jogo de cintura junto ao Senado, novo ministro da Suprema Corte enfrentou um périplo de pouco mais de três meses até a oficialização no cargo

Sabatina de Cristiano Zanin realizada no Senado Federal para a vaga ao STFSabatina de Cristiano Zanin realizada no Senado Federal para a vaga ao STF - Foto: Lula Marques / Agência Brasil

Aprovado pelo Senado para assumir a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Cristiano Zanin chegou ao fim de um périplo que durou pouco mais de três meses.

Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu publicamente, em março, a possibilidade de indicar Zanin a uma vaga na Corte, o futuro ministro viu se intensificar o escrutínio sobre sua carreira jurídica, seus posicionamentos sobre temas variados e a relação com o chefe do Executivo.

Mesmo com a concorrência de outros nomes com aliados de peso, Zanin consolidou nesse período seu favoritismo para a vaga deixada pelo ex-ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril. Veja a seguir, em seis pontos, os fatores que levaram o advogado ao Supremo.

Proximidade com Lula
Advogado pessoal de Lula nos casos da Lava-Jato, Zanin se tornou integrante do círculo próximo do atual presidente, além de desfrutar de sua confiança. O futuro ministro do STF foi o principal responsável pela linha de defesa que culminou na anulação das condenações de Lula proferidas pelo ex-juiz Sergio Moro, devolvendo ao petista sua elegibilidade.

A argumentação de Zanin foi centrada em denunciar o uso indevido de técnicas processuais, também chamado de "lawfare", por parte da Lava-Jato contra Lula. Zanin e sua mulher, a também advogada Valéria Teixeira, são considerados especialistas na área, e bancaram a linha defensiva a despeito de desconfianças de advogados próximos ao PT no início da operação.
 

Reputação após Lava-Jato
O desfecho do caso de Lula na Lava-Jato deixou Zanin em alta não só entre aliados do atual presidente, mas também entre juristas e integrantes de tribunais superiores. No início deste ano, ministros do STF como Cármen Lúcia e Gilmar Mendes elogiaram a atuação de Zanin e afirmaram que o advogado provou ter "notório saber jurídico", um dos pré-requisitos estabelecidos na Constituição para a indicação ao Supremo.

Os acenos a Zanin também foram feitos pela oposição a Lula. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, hoje aliado de Jair Bolsonaro, disse considerar o advogado um nome "qualificado".

Apoio de juristas
Em março, quando a possibilidade de Zanin chegar ao STF se tornou mais concreta, cerca de 200 advogados, juristas e personalidades assinaram um desagravo ao advogado. O documento foi elaborado após virem à tona imbróglios enfrentados por Zanin com seu sogro, o também advogado Roberto Teixeira, amigo de longa data de Lula.

A carta em solidariedade a Zanin, embora sem menção explícita à indicação ao STF -- não à toa, foi assinada por outros postulantes à vaga --, serviu como uma sinalização de força do advogado na corrida pela vaga de Lewandowski.

Articulação do Planalto
Lula, que já tinha preparando terreno para a indicação de Zanin através de declarações públicas, acelerou o ritmo da articulação a partir de maio. Em um churrasco no Palácio da Alvorada no fim do mês, com a presença de Lewandowski, o presidente sinalizou a ministros do STF sua intenção de formalizar brevemente a escolha do advogado.

Lula também se reuniu com o senador Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, responsável por realizar a sabatina de ministros do Supremo. O encontro serviu para azeitar o apoio de Alcolumbre à indicação — no ano passado, o senador havia dificultado a realização da sabatina do ministro André Mendonça, escolhido por Bolsonaro.

Convergências com a classe política
Em sua peregrinação por gabinetes de senadores nas últimas semanas, Zanin consolidou apoios maciços de partidos como MDB, cuja bancada tem dez senadores, e PSD, que tem 15. Nas conversas, o futuro ministro foi questionado sobre temas como o volume de decisões monocráticas no Supremo e a relação entre Judiciário e Legislativo, e deixou boa impressão ao sinalizar abertura para diálogo.

Outra convergência que facilitou o caminho de Zanin ao STF foi sua atuação crítica à Lava-Jato, como advogado de defesa de Lula. Os métodos da operação são alvos de críticas de parlamentares do PT e de outros partidos, cujos integrantes também estiveram na mira de investigações.

Jogo de cintura no Senado
Além do apoio de senadores mais alinhados ao governo, Zanin conseguiu mostrar habilidade para estreitar relações com parlamentares de oposição e alinhados ao bolsonarismo, que ameaçavam maior resistência à sua indicação. Uma das oposicionistas que elogiou o indicado de Lula foi a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), com quem Zanin se reuniu nos últimos dias — o futuro ministro também dialogou com outros integrantes da bancada evangélica.

Zanin também atuou para diminuir desconfianças no PT, cujos parlamentares cobravam posicionamentos mais claros do futuro ministro sobre temas caros ao partido, como a defesa de povos originários e proteção ao meio ambiente.

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