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SAÚDE

Obstrução intestinal, como a de Bolsonaro, prevê tratamento clínico e cirurgia só em alguns casos

Segundo médicos, cirurgias são indicadas apenas quando o tratamento clínico não surte efeito

Bolsonaro no hospital Bolsonaro no hospital  - Foto: Reprodução/Instagram

O presidente Jair Bolsonaro foi internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, nesta segunda-feira com uma suboclusão intestinal, nome dado a uma obstrução intestinal branda, que impossibilita o fluxo natural de alimentos pelo intestino. Segundo médicos, cirurgias são indicadas apenas quando o tratamento clínico não surte efeito.

De acordo com o cirurgião Ben-Hur Ferraz Neto, livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP), a condição pode estar relacionada às quatro cirurgias gástricas pelas quais o chefe do executivo foi submetido nos últimos três anos — no período, Bolsonaro ainda fez uma vasectomia e a retirada de cálculos renais, sem relação direta com o sistema digestivo.

"Para o tratamento é preciso deixar o intestino em repouso. Em grande parte dos casos o tratamento é clínico e não necessita de cirurgia", afirma Ben-Hur.

A abordagem descrita pelo cirurgião, similar à aplicada a Boslonaro, consiste em suspender a alimentação sólida, manter a hidratação intravenosa, realizar caminhadas — para movimentar o intestino — e instalar uma sonda nasogástrica para drenar o conteúdo do estômago e permitir o descanso do intestino.
 

O procedimento cirúrgico só é indicado caso esse tratamento mais conservador não dê resultado em cerca de 48 horas, diz o cirurgião do aparelho digestivo Juliano Barra, do Hospital Sírio-Libanês.

"Provavelmente, ele tem um edema (inchaço por acúmulo de líquidos) que diminui o calibre da alça do intestino. Em resumo, é um estreitamento do intestino", explica o médico.

Em casos de suboclusão, diz o especialista, é esperado que a passagem de alimentos no intestino não esteja totalmente fechada, somente reduzida. Trata-se de um impeditivo para a alimentação via oral, mas não um indicativo de necessidade de desobstruir por meio de operação — em que o médico “desdobraria” o intestino.

De acordo com Barra, é possível que uma pessoa com o histórico de Bolsonaro tenha episódios do tipo durante toda a vida.

Em julho do ano passado, após uma intensa crise de soluços, Bolsonaro ficou quatro dias internado no Vila Nova Star, também com diagnóstico de obstrução intestinal. Na época, chegou a ser aventada a possibilidade de cirurgia, mas a equipe médica optou pelo tratamento clínico. Depois de três dias sem alimentação sólida, os médicos receitaram dietas cremosa e pastosas para não voltar a incomodar o sistema digestivo.

Bolsonaro foi vítima de um atentado em 6 setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Logo após levar uma facada, ele passou por duas operações. Em janeiro de 2019, o presidente realizou o terceiro procedimento cirúrgico, para retirar a bolsa de colostomia que usava havia três meses. Em setembro daquele ano, fez a quarta operação, desta vez para corrigir uma hérnia.

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