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ONU: Bolsonaro fará reuniões com líderes de direita após discurso

Presidente brasileiro terá encontros bilaterais os chefes do Executivo da Polônia, Equador, Sérvia e Guatemala

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Alan Santos/PR

Após o seu discurso de abertura na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York nesta terça-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro tem programado uma série de encontros bilaterais com líderes de direita de todo o mundo. O presidente brasileiro chega a Nova York após sua viagem a Londres, onde esteve para o velório da rainha Elizabeth II.

Na falta de encontros com líderes de potências globais, como Estados Unidos e os principais membros da União Europeia, Bolsonaro aproveitará a ocasião para dialogar com os chefes do Executivo da Polônia, Equador, Sérvia e Guatemala. Veja abaixo quem são eles:

Andrzej Duda, presidente da Polônia

O ultraconservador Andrzej Duda preside a Polônia desde 2015. Desde então, o país registra contínuas violações da independência do Judiciário, corrupção ligada às elites do poder e ataques à sociedade civil, especialmente à comunidade LGBTQI+, conforme mencionado no relatório anual sobre o Estado de direito na União Europeia (UE), divulgado em julho deste ano.

O documento denuncia o agravamento da situação da sociedade civil na Polônia, com "um possível efeito intimidatório". E observa que "o espaço cívico se deteriorou ainda mais e um projeto de lei recente pode ter um impacto negativo adicional".

Com a maioria no Parlamento, Duda implementou reformas para aumentar a influência política na Justiça, minando sua autonomia. Foi dado ainda ao presidente poderes para nomear os juízes da Suprema Corte, cujas funções incluem confirmar o resultado de eleições. Suas tentativas de criminalizar a comunidade LGBTQI+ também são alvo de críticas constantes no bloco europeu.

A Polônia de Andrzej Duda também tem uma das mais rígidas legislações relacionadas ao aborto, inclusive com a possibilidade de prisão. Uma lei sancionada por seu governo autoriza o aborto apenas em casos de estupro e incesto e quando a vida ou a saúde da mãe estiverem em perigo. Com isso, médicos que realizam abortos ilegais podem ser presos.

Guillermo Lasso, presidente do Equador

O ex-banqueiro Guillermo Lasso foi eleito em abril do ano passado. O político representa a direita tradicional e conta com o apoio de empresários, entre eles, os donos dos principais meios de comunicação.

Lasso teve que lidar com uma onda de protestos organizados pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) contra seu governo conservador. Por causa da repressão às manifestações, o presidente equatoriano foi acusado de "autoritarismo, falta de vontade e incapacidade" pela Conaie.

Alejandro Giammattei, presidente da Guatemala

No governo desde 2019, Alejandro Giammattei ficou conhecido internacionalmente por seus ataques ao judiciário da Guatemala. Seu principal ato, de acordo com um perfil publicado na "The Economist", foi ter dado o cargo de procuradora-geral a Consuelo Porras, uma pessoa descrita como "submissa" pela revista.

Funcionários da Justiça apontam Consuelo como responsável por perseguição de opositores. Apesar das acusações de que a mulher interrompeu investigações anticorrupção, ela teve seu mandato renovado pelo presidente.

Giammattei também tenta controlar a mídia local. Em agosto, o jornalista guatemalteco José Rubén Zamora, fundador do jornal El Periódico, foi preso acusado de lavagem de dinheiro. Ele disse ser alvo de um "julgamento político", afirmando que o processo não passa de uma "armação" com origens no gabinete do presidente Alejandro Giammattei.

O caso teve repercussão internacional. O jornal francês "Le Monde" afirmou que o caso "provocou indignação além das fronteiras da Guatemala contra os excessos autoritários do governo". A prisão de Zamora também foi tema de um editorial do "The Washington Post", que classificou a medida como "o exemplo mais recente e descarado dos ataques do governo guatemalteco à liberdade de imprensa".

Aleksandar Vucic, presidente da Sérvia

Conhecido como "Putinzinho", o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, foi reeleito para um segundo mandato em abril deste ano. Após vencer as eleições, observadores internacionais e ativistas de direitos humanos consultados pelo "The Guardian" fizeram um alerta de que o país caminha rumo a uma autocracia.

Parte do poder de Vucic vem do domínio absoluto que ele exerce na mídia do país. Membros do seu partido controlam a maioria das principais emissoras de televisão e jornais tablóides. Nesta publicações, seus opositores são tratados como ladrões e traidores.

Uma das principais agendas de Vucic é a anti-LGBTQIA+. A "EuroPride — a Marcha do Orgulho Gay da Europa" foi proibida no país pelas autoridades locais. Mas, mesmo assim, milhares de pessoas e simpatizantes foram às ruas para participar dos desfiles. Houve confrontos entre manifestantes de extrema direita contrários à parada e, no total, 31 pessoas foram presas.

" Foi imposto ao povo sérvio com más intenções. Todos que são a favor, mas também os que são extremamente contra o desfile, estão todos participando de uma guerra híbrida contra o país" justificou o político neoliberal e conservador, na sexta-feira.

Ao contrário do presidente brasileiro, Vucic terá mais de 30 reuniões com autoridades estrangeiras durante a Assembleia Geral da ONU, segundo a imprensa local.

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