Operação da PF contra aliado de Lira aumenta ruído, e Dino se reúne com presidente da Câmara
Dino lembrou que o inquérito foi iniciado antes de se tornar virar ministro da Justiça
A operação da Polícia Federal (PF) que mirou um ex-assessor do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em meio à crise na articulação política, aumentou o ruído do deputado com o governo. Coube ao ministro da Justiça, Flávio Dino, tentar contornar a situação. Ele esteve nesta quinta-feira na residência oficial da Câmara para conversar com Lira . De acordo com auxiliares, Dino afirmou a Lira que a operação cumpriu mandado judicial da Justiça de Alagoas.
O objetivo era deixar claro que não manda na Polícia Federal, lembrando ainda que o inquérito que atingiu um aliado do deputado foi iniciada muito antes de Dino virar ministro da Justiça. Segundo aliados, o movimento do ministro foi feito para destacar que não é razoável qualquer relação do ministro com a operação.
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Em entrevista à GloboNews, nesta quinta, Lira se esquivou de qualquer associação com a operação policial que encontrou um cofre lotado de dinheiro vivo. A diligência fez parte de uma frente contra uma organização criminosa suspeita de fraude em licitação e lavagem de dinheiro em Alagoas. Um dos alvos é Luciano Cavalcante, ex-assessor do gabinete de Lira e atualmente lotado na liderança do PP na Câmara. O presidente da Câmara disse que “cada um é responsável por seu CPF neste país”:
— A gente fica mal com uma notícia como esta, mas eu não posso emitir qualquer juízo de valor sobre uma operação sem ter acesso à investigação. Posso dizer que não me sinto atingido e não tenho nada a ver com isto.
Lira torce por "aprendizado" do governo
Ainda à GloboNews, Lira disse "esperar que a votação da MP que reestrutura os ministérios sirva como ensinamento para o governo". A reestruturação da Esplanada foi chancelada pela Casa por ampla margem na madrugada de quinta, mas perto de perder a validade e com o enfraquecimento de alguns ministérios. De acordo com Lira, a votação só ocorreu por "apelos de Lula" e dele próprio, que foram repassados a dirigentes partidários.Ele também defendeu que o governo dê espaço para mais partidos a fim de conseguir apoios em futuras votações.
— Como o governo quis fazer a sua base parlamentar? Dando ministérios ao MDB, União Brasil e PSD. É lógico que uma conversa entre líderes parte da articulação política e que essa mesma solução, dada a alguns partidos, seja dada para outros partidos que ele queira para aumentar a base. O que há de errado nisso? — questionou.
Ele disse "não ter pedido cargos, ministérios ou a cabeça de ninguém para ajudar o governo".
— Eu apanho de eleitores mais radiciais, mas faz parte. Tento ajudar e tentei ajudar o governo a fazer a maioria na votação da MP dos Ministérios, mas não pedi cargos, ministérios ou a cabeça de ninguém para isto. Acontece que o governo, sem uma maioria no Parlamento, não pode achar que partidos independentes são obrigados a pautar e votar matérias do seu interesse. Espero que o dia de ontem sirva de ensinamento. Vivemos em uma democracia com três poderes independentes — afirmou.