Operação da PF em condomínio de Bolsonaro reativa discussão em grupo de WhatsApp de moradores
Enquanto alguns reclamam de desvalorização do local, outros afirmam que ex-presidente está sendo perseguido
A operação da Polícia Federal na condomínio onde vive o ex-presidente Jair Bolsonaro, no Jardim Botânico, região nobre da capital federal, voltou a dividir os moradores do local. De um lado, alguns reclamaram sobre a movimentação e a presença da polícia. De outro, apoiadores do ex-chefe do Palácio do Planalto criticam o que veem como "perseguição" a ele.
No grupo de WhatsApp dos condôminos, um morador reagiu às buscas feitas pela PF com provocação. "Quando eu insistia lá atrás que era um equívoco achar que a mudança do dito cujo para o nosso condomínio iria trazer valorização, segurança e tranquilidade, era por causa de situações como a de hoje", escreveu.
Um carro da PF isola a rua onde fica a casa de Bolsonaro na manhã desta quarta-feira (3). Moradores que saem para caminhar e passear com os cães nesta manhã se dividem sobre a presença do ex-mandatário ali. Alguns passam de carro filmando a ação da polícia com o celular.
"Que levem preso logo", disse uma mulher. Outra moradora, que caminhava com seus cães, discordou. Disse que o sentimento era de revolta com a atuação da PF. "Acho um absurdo isso. Por causa de cartão de vacina?", questionou.
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Em março, quando Bolsonaro voltou ao país, os moradores já haviam discutido por causa de uma faixa de boas-vindas instalada perto do local. Houve debates acalorados no grupo de WhatsApp que fizeram a administração se manifestar dizendo que não era responsável pela mensagem. Dias depois o cartaz foi retirado e, até hoje, os moradores não sabem quem o instalou.
O imóvel onde o casal mora é de uma amiga de Michelle e precisou passar por algumas reformas para recebê-los. O muro ficou maior e os vidros receberam películas escuras para impedir a visão de dentro da casa. Os custos da moradia são bancados pelo casal.
De acordo com a PF, a Operação Venire tem o objetivo de esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde.
Estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.
Entre os alvos de apreensão está o ex-presidente. Já entre os presos preventivamente estão alguns de seus ex-funcionários, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa.
Bolsonaro negou nesta manhã que tenha se vacinado ou que tenha qualquer envolvimento com a fraude.